Em meio a tantas notícias tristes e pesadas que lemos nos jornais e assistimos nas televisões todos os dias – acidentes, homicídios, corrupção, guerras, doenças, fome -, de vez em quando nos surpreendemos com um fato positivo, daqueles que a gente dá um suspiro profundo e pensa:

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– Ufa! O mundo ainda tem jeito.

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Foi exatamente essa a minha sensação quando li uma nota revelando que atualmente 42% da população declaram não se importar com a etnia do filho ou da filha ao tentar adotar uma criança. Na última pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça em 2011, esse número era de 31%. Que boa notícia!

Historicamente, sabe-se que bebês brancos sempre são os primeiros a serem “escolhidos” pelos adotantes. Aos mais velhos e de outras raças, resta continuar vivendo nos abrigos até atingirem a maioridade. Um destino cruel e injusto.

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Esta mudança de cultura é lenta e precisa estar na pauta das discussões todos os dias. A presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Suzana Schettini, diz que muitos pretendentes ainda exigem adotar crianças da mesma cor, para formar uma família considerada “padrão”, ou “socialmente ideal”. Porém, diz ela, depois de uma boa conversa muitas vezes o preconceito cai por terra.

– Ter uma família colorida passou a ser bonito – afirma.

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Eu acho que é muito mais do que bonito. Dar um lar, carinho, proteção e dignidade a uma criança, seja ela de que raça for, é um maravilhoso ato de coragem e de amor. Hoje, mais de 30 mil pessoas em todo o Brasil estão na fila para adotar uma criança. E 5.446 meninos e meninas – a maioria mais velhos e negros – esperam por uma nova família.

Infelizmente, sabemos todos, isso é muito difícil de acontecer.