Cenas de um verão que já nem se pode mais chamar de quente. É muito mais do que isso. Está beirando o insuportável e, o pior, parece que vai longe.

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Na floricultura

_ Bom dia, eu gostaria de comprar um buquê de flores de campo. A senhora tem?

_ É para a senhora mesmo ou para dar de presente?

_ Presente. Por que? É para levar num jantar amanhã à noite.

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_ Amanhâ? Ah, não. Vai estar tudo murcho, com este calorão. Se quiser eu vendo, mas depois não adianta vir reclamar. É melhor levar uma flor plantada na terra ou um cactus, que se dá melhor com este clima.

Queria um buquê colorido, mas a florista me convenceu. Saí da loja com uma planta gordinha e espinhuda, igual àqueles que a gente vê nos filmes rodados no deserto. Elas só precisam de água uma vez por mês. Perfeitas para o nosso verão!

Em casa

_ Boa tarde vizinha, posso entrar?

_ Oi, claro que sim. Entra.

_ Ah, friozinho gostoso esse do teu ar-condicionado. Tá geladinho aqui. Que delícia!

-É verdade. Sem ar não dá para aguentar o calor. Mas o que é mesmo que você precisa?

_ É mesmo, já estava esquecendo. Pode me emprestar dois ovos? É que estou fazendo um bolo e só agora vi que a geladeira está vazia.

_ Vou pegar. Pronto, tá aqui.

_ Obrigada. Nossa, não dá nem vontade de ir embora.

Cinco minutos depois… Toc…Toc…Toc…

_ Oi vizinha. Olha só. Os calorões da minha menopausa estão insuportáveis hoje. Não aguento mais de tanto suar, já estou passando mal. Minha pressão deve ter baixado. Será que posso trazer as coisas para cá e fazer o bolo aqui? Eu juro que fico quietinha e te deixo trabalhar…

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