Essa história quem testemunhou foi uma leitora da coluna, que vou identificar aqui apenas como Malu. Ela estava na fila do caixa de um supermercado, em Florianópolis. Um homem passava seus produtos pelo caixa. Dentro do carrinho de compras, o filho dele, de cerca de três anos de idade, brincava com um carrinho de ferro.
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A criança olhou para a Malu, que era a próxima da fila, e disse:
– Olha que bonito o meu carrinho.
Ela concordou, mas disse, em seguida, que achava o menino muito mais bonito do que o brinquedo. E que tinha cílios lindos. Ele, primeiro, quis saber o que eram cílios. Depois, acrescentou, tristonho:
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– Mas minhas orelhas são feias, muito feias.
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Malu se espantou.
– Quem disse isso? – perguntou.
– A minha mãe. Ela sempre diz que minhas orelhas são feias – respondeu o menino.
A leitora, que foi professora a vida inteira e entende do assunto, olhou para o pai, que acompanhava o diálogo com um sorriso amarelo. Ele nada disse.
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Como uma mãe pode falar isso para uma criança? Os pais precisam se dar conta de que, com suas palavras, gestos e/ou omissões podem prejudicar muito a autoestima dos filhos, quando deveriam fazer exatamente o contrário, exaltando as qualidades e os pontos fortes deles.
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As orelhas realmente são feias? Pra isso tem remédio, se for o caso, mais adiante. Mas mágoas e sentimentos de inferioridade essa criança pode carregar para a vida toda.