“Compartilhei na semana passada a foto que uma amiga postou em uma rede social. Era a imagem de uma bela e grande estante de livros montada na areia de uma praia na Bulgária. Algo espetacular. Muitos amigos aprovaram a ideia e um deles escreveu um comentário relembrando como o brasileiro lê pouco. Está aí um assunto que me incomoda.

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A última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita a cada quatro anos pela Fundação Pró-Livro e pelo instituto Ibope Inteligência, foi divulgada no segundo semestre de 2012 e revelou que 24% dos entrevistados cultivam o hábito de ler quando estão de folga – em 2008, eram 36%. Notem que o índice caiu, o brasileiro passou a dedicar menos tempo aos livros. Esse é o tipo de notícia que eu jamais gostaria de dar.

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Vários artigos já foram escritos sobre a importância da leitura e eu não preciso repetir a lista de vantagens que ela nos proporciona, mas gostaria de compartilhar aqui o que motivou minha transformação de uma leitora eventual em uma devoradora de livros.

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Foi a vergonha que deu um tapa na minha cara. E não tenho vergonha de confessar. No começo da carreira, quando trabalhei em uma pequena emissora de TV em Blumenau, entrevistei um músico que eu julgava usar drogas e ser talentoso por natureza. Muitas vezes somos preconceituosos e a vida nos ensina que só perdemos com esse tipo de comportamento. Ao conversarmos horas a fio, descobri que o rapaz havia estudado música, dava aulas de guitarra pelo mundo e era um leitor voraz durante as viagens da banda.

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Minha vontade era continuar aquele papo, falar sobre as obras que ele conhecia, como Chatô – o Rei do Brasil, um livro que tratava da minha área, mas que eu ainda não havia lido, e ele sim. A vergonha só aumentava.

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Na época lia pouco, mas sabia que podia ser diferente. Meus hábitos já tinham melhorado durante a faculdade de Letras, mas a rotina corrida e a internet sempre faziam com que os livros não fossem uma prioridade, isso até me sentir a pior leitora do mundo: descobri que o músico lia pelo menos um livro por semana. Decidi mudar. Fui até a livraria, comprei uns seis exemplares, entre eles Chatô, e li todos em um mês. De lá pra cá nunca mais fui a mesma. Os livros e as pessoas transformam nossa vida. Com eles aprendemos muito e, se estivermos dispostos, evoluímos. Depois dessa experiência, sei que ninguém cruza nosso caminho por acaso.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

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Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.