Encontrei por acaso, numa sala de espera, um senhor que costumava ver passeando com seu cãozinho pelas ruas do bairro. Perguntei como ia seu fiel companheiro. Com tristeza no olhar, contou que ele morreu meses atrás, de velhinho.

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– Perdi meu amigo. Agora estou solitário, pelo menos de companhia canina – disse. Fiquei com muita pena, pois sou testemunha do carinho que ele dedicava ao animal.

Enquanto eu procurava palavras que pudessem expressar minha solidariedade, ele se apressou e disse que pelo menos tão cedo não quer mais ter um bichinho em casa. Pretende “aproveitar um pouco a vida”, como disse. Aposentado, faz planos de viajar enquanto tem saúde. Quem é que sabe o dia de amanhã?

– Ter um animal é ótimo, uma companhia maravilhosa, mas a gente fica muito preso, especialmente quem mora sozinho como eu – explicou.

Despedimo-nos e fiquei pensando que todos deveriam ser como ele, responsáveis e zelosos com seus animais. Durante muito tempo meu amigo abdicou de algumas coisas (e sem reclamar) porque não podia deixar o cão sozinho nem queria delegar a função de cuidador para outras pessoas. Afinal, ter o bichinho foi uma opção dele. Mas muita gente não age assim. Trata os bichos como se fossem brinquedos. Compram ou adotam cachorrinhos e gatinhos, porque filhotes são sempre bonitinhos, fofinhos e fazem pouca sujeira. Esquecem que eles crescem, dão trabalho, despesa e exigem dedicação. Aí, no momento em que “perdem a graça”, acabam abandonando os bichos na rua, à própria sorte.

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Essas pessoas fariam melhor se comprassem um cachorrinho de brinquedo. Existem alguns, inclusive, que “respiram” (graças a uma bateria, claro) enquanto dormem na caminha. Perfeitos para quem não quer ter trabalho nem dedicar um pouco de tempo ao bichinho de estimação.