Certo dia, ao chegar à casa de uma tia, encontrei meu priminho com uma roupa muito engraçada. Ele tinha três anos de idade, se tanto, e gostava de se arrumar sozinho depois do banho. Ele mesmo escolhia suas roupas para ir à escolinha. Naquele dia, apareceu na sala vestindo uma bermuda, botas de chuva, vários colares em forma de corrente no pescoço e uma capa do Batman. Eu perguntei para minha tia se ele iria daquele jeito para a aula. Ela riu e disse:

Continua depois da publicidade

– Claro que sim, o guri é criativo. Deixa ele se expressar.

Nunca esqueci aquela cena. Minha tia era uma figura, e só mais tarde eu comecei a perceber que ela tinha razão. A escola não obrigava as crianças a irem de uniforme. Então, ele tinha todo o direito de usar o que quisesse. Hoje, é pai de família, inteligente, bem-sucedido e criativo. Sempre foi incentivado a ser independente, a fazer suas próprias escolhas. E isso o ajudou a crescer.

Lembrei-me deste caso quando li um artigo da psicopedagoga Quézia Bombonatto, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Segundo ela, descobrir que o filho está ficando independente é – ou deveria ser – um motivo de alegria para os pais. Só que, ao mesmo tempo, pais e mães também sentem uma “pontada no coração” ao notarem que seu pequeno está crescendo e buscando sua individualidade.

Para a especialista, o problema passa a existir quando esse medo faz os pais desenvolverem atitudes de superproteção, sufocando a autonomia dos filhos. Eles vão crescer do mesmo jeito, queiramos ou não. Então, devemos encorajá-los a serem independentes. Com certeza, no futuro nos sentiremos recompensados.

Continua depois da publicidade