Crônica: Adeus ao adeus

“Dizer adeus muitas vezes corta nosso coração. Rodoviárias e aeroportos são o paraíso das despedidas e alguns minutos observando os passageiros no embarque já bastam para me emocionar. São mães e filhos que ficarão anos ou uma vida inteira sem se ver, casais apaixonados que terão de suportar a distância e a saudade, histórias que dariam um livro.

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Para fecharmos alguns ciclos da vida precisamos dizer e ouvir adeus, por mais que isso nos machuque e também faça o outro sofrer. São relações que terminam, pessoas que se vão de repente, trabalhos e lugares que ficam para trás. Às vezes relutamos em aceitar que a despedida pode ser a opção certa para a retomada de rumo de nossos caminhos, para um novo passo e uma fase muito melhor.

É natural ficarmos cercados de dúvidas na hora de decidir se chegou a hora de encarar o adeus, deixá-lo para depois ou se vale a pena dizer adeus ao adeus e apostar numa segunda chance, que também pode resultar num momento de transformação e felicidade.

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Depois desses 20 dias com vocês, leitores, decidi dizer mais um adeus em minha vida: ao sedentarismo jornalístico-literário. Sempre fui apreciadora da escrita, sou apaixonada por crônicas e eventualmente fazia textos para meu acervo. Tinha o hábito de acordar cedinho aos domingos, sentar na varanda ou chegar à praia, ainda vazia, e criar. Depois de tanto estímulo e tanta troca nesses dias é hora de retomar a produção e aumentar meu estoque de crônicas.

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Atuar como interina desta coluna foi uma das melhores experiências profissionais que vivi nos últimos anos. Algo novo, diferente da minha rotina na TV, desafiador, uma oportunidade que alimentou um sonho dos tempos da faculdade, tornar-me uma escritora.

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Agradeço ao Diário pela chance, à titular pelo apoio, aos leitores pelo tempo e às pessoas especiais que me cercam pelo incentivo, pelas dicas e também inspirações. Foi ao lado de vocês, no passado ou no presente, que encontrei tanto o que contar e dividir. Aliás, o que mais contribui para a fluidez de meus textos é viver, viajar, experimentar, sorrir e me emocionar. O que me tocar, de forma alegre ou triste, vai me fazer sentar e escrever por horas. Portanto, vou seguir meu caminho.

Como o adeus me soa triste e definitivo, hoje digo até logo.”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.