Acho muito estranho como no Brasil as coisas são sempre oito ou 80. Ou tudo é permitido ou tudo é negado. Parece não haver meio-termo e, muito menos, bom senso na hora de tomar decisões e promulgar leis. Nunca esqueço quando se tornou obrigatório levar dentro do carro uma caixa de primeiros socorros com vários itens. Foi uma correria às lojas, tanto que acabou faltando mercadoria. Todo mundo tinha medo de ser parado numa blitz e levar multa. A lei não pegou, e ficou por isso mesmo, assim como muitas outras.

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Acabo de ler que a Assembleia Legislativa de São Paulo promulgou uma lei proibindo a fabricação, a venda e a comercialização de armas de fogo de brinquedo em todo o Estado, que deve começar a valer a partir da metade de março. A mesma coisa já acontece no Distrito Federal. A justificativa principal é que hoje muitos assaltos de verdade são cometidos com armas de mentirinha. As peças são tão perfeitas que as vítimas nem desconfiam disso. A segunda justificativa é que as armas, sejam elas como forem, estimulam a violência.

Não sei se existe estudo científico que sirva de base para a decisão, mas até concordo com ela. Não gosto de ver um revólver igual aos de verdade na mão de um menininho, mesmo que seja para dar tiros de espoleta. Há muitos brinquedos legais para dar às crianças. Mas, continuando a ler a matéria, soube que deverá ser proibida inclusive a comercialização de pistolas que espirram espuma, água ou que soltam bolinhas. Aquelas que todos nós já tivemos um dia, e com as quais nunca pensamos em matar ninguém.

O argumento dos legisladores é que elas podem interferir na formação de crianças e adolescentes. Como assim? Não entendi! Quer dizer que uma criança pode se tornar violenta porque brinca com uma pistola d’água? Com tantos problemas que temos na nossa sociedade, tantos exemplos negativos bombardeando a cabeça dos pequenos o dia inteiro, a culpa, se eles por acaso se tornarem bandidos, será das arminhas de brinquedo? Devem existir métodos bem mais eficazes de combater a violência e de manter nossas crianças longe dela.

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