Crônica: A duração da beleza

“Ela é mais curta, muito mais curta do que imaginamos. Menor até que a juventude. Pode-se ter a ilusão de que a beleza sustenta uma relação, mas esse é um grande equívoco.

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Aquele olhar marcante, o sorriso único, o corpo invejável, o jeito sensual de caminhar, a roupa elegante que valoriza qualquer homem e mulher. Essas e outras características têm relevância, claro, mas somente até certo ponto do relacionamento. Não quer dizer que não tenhamos que nos cuidar depois do amor conquistado, não é isso.

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A beleza é o que nos aproxima, o que nos encanta e encoraja para o primeiro contato. Ela atua quase como uma poção mágica e, por um tempo, ficamos bobos, hipnotizados. Mas não há rosto ou corpo de boneca e príncipe que supere a falta de admiração, a falta de humor, a ausência de boas conversas, de confiança e de carinho.

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Como suportar permanecer ao lado de alguém que não te inspira, que não te motiva a evoluir como ser humano? A vida, para mim, depende demais da alegria, do gostar de viver e dar a volta por cima, da visão realista, porém positiva, das emoções. E nada disso tem a ver com a beleza estética, mas sim com a beleza da alma. O suprassumo de uma relação é amar e sentir-se amado. É experimentar a felicidade ao lado de alguém que consegue despertar o que você tem de melhor. Daqueles indivíduos que te desvalorizam, que estão mais interessados na sua influência ou no que você tem do que na sua essência, mantenha distância.

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Difícil é enxergar que essa pessoa pode ser aquela de beleza ímpar que você acaba de conhecer, pois quando estamos dominados pelo encantamento, não enxergamos as características que nos desagradam, que não se encaixam com nosso perfil ou nossos valores.

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Crescemos cercados de filmes que idealizam uma relação amorosa sem problemas, como um conto de fadas. Mas viver é sorrir e chorar, cair e levantar com a ajuda do outro. Se compreendermos isso e formos maduros para entender que a poção tem hora para acabar, não há beleza exterior que supere um espírito nobre. ”

*** Adriana Krauss nasceu em Blumenau, no Vale do Itajaí. Lá começou a carreira de jornalista ainda cursando a faculdade de Letras. Mais tarde, concluiu Jornalismo. Passou por diferentes emissoras até chegar à RBS TV Blumenau, onde atuou como produtora, editora, repórter e apresentadora de todos os telejornais.

Em 2004, foi convidada para trabalhar na RBS TV de Florianópolis. Na capital, atuou em grandes coberturas como a tragédia de 2008, quando cerca de 130 pessoas morreram no Estado por causa da chuva e dos deslizamentos. Na ocasião, atuou exclusivamente com a equipe que atende à Rede Globo em SC fazendo reportagens e participações ao vivo, inclusive na edição do JN em que William Bonner ancorou o jornal em Blumenau.

O trabalho rendeu uma citação no livro Jornal Nacional – Modo de fazer, de autoria de Bonner. Em julho do ano passado, depois de várias substituições na bancada do Bom Dia SC, assumiu a apresentação do jornal matinal da RBS TV e passou a ser editora-chefe do programa, onde está até hoje.