O Voo é um filme dispensável. Nada nele é único ou imperdível. A história do piloto alcoólatra que pousa um avião desgovernado tem cenas interessantes durante a queda e nos 10 ou 15 minutos finais. Fora isso é um desfile de clichês sobre viciados. Quase todos os filmes ou seriados que tocam no assunto mostram a questão da negação. O viciado não se reconhece como tal, só sai do buraco quando resolve fazê-lo e chega ao fundo do poço antes de se reerguer. É o enredo básico de qualquer filme sobre a questão. Assim como as recaídas. As questões morais que o filme tenta explorar são rasas, simples demais.
Continua depois da publicidade
O problema não é tocar em pontos já conhecidos ou contar uma história previsível, filmes como Coração Louco, por exemplo, fazem exatamente isso, mas os diálogos são bem estruturados e as atuações (como Jeff Bridges, neste caso) arrasam. O Voo não tem nada disso. Os diálogos são toscos e as atuações medianas. Conversas como “a turbina está em chamas”, “apague”, são o cúmulo do óbvio.
Nicole, interpretada por Kelly Reilly, cai de paraquedas na história, numa parte romântica que fica forçada no enredo e falta carisma a Denzel Washington para fazer do piloto Whip um personagem interessante. É incrível que o protagonista do filme e o roteiro estejam concorrendo ao Oscar.
Existe uma teoria que diz que às vezes um filme se beneficia pela produção do ano ter sido fraca. Alguns cinéfilos dizem que é o caso de Pequena Miss Sunshine, que teria se destacado em função dos filmes de baixa qualidade de 2006. Talvez seja o caso de O Voo. Ou vai ver que isso é só mais um indicador de que os filmes que concorrem e ganham o Oscar estão sujeitos a análises incompreensíveis e se você procura filmes de qualidade é melhor ficar de olho nos Festivais de Berlim e Cannes ou no Globo de Ouro.
Continua depois da publicidade