Imagine dar um rifle na mão de um escravo e dizer “vai lá, se vinga dos que te torturaram, recupere a sua dignidade”. É isso que Tarantino faz em Django Livre, filme que arrebatou os muitos fãs do diretor. Django é um típico Tarantino. Com cenografia e figurino exagerado, trilha sonora pop e doses imensas de humor e violência, o filme faz uma paródia interessante das histórias de faroeste.
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Tarantino parece ser um dos poucos diretores atuais que não têm pressa para contar uma ou várias histórias. Ele usa o tempo que for para chegar ao efeito cômico que deseja, criar suspense ou mostrar sangue se espalhando pela paisagem.
Com uma linda fotografia no filme, o diretor não economizou em personagens excepcionais. É o caso do Sheriff Bill Sharp (Don Stroud), que faz uma aparição deliciosa para durar menos de um minuto na tela. Jamie Foxx como Django e Christoph Waltz como Dr. King Schultz formam uma dupla de protagonistas incrível. É um daqueles casos em que os mocinhos também têm seu lado de vilão, mas o público gosta deles mesmo assim. Leonardo DiCaprio também está muito bem como o vilão Calvin Candie, um sádico, como não podia faltar num Tarantino.
O filme foi um pouco esnobado pelo Oscar. Foxx merecia concorrer a Melhor Ator e uma indicação a Melhor Filme seria justa, assim como a Melhor Diretor.
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Apesar disso, a produção já ganhou muitos prêmios em outros festivais. Venceu o Globo de Ouro de Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante. Venceu nessas mesmas categorias no BAFTA (Oscar Britânico).
Tarantino já declarou que enxerga o filme como parte de uma trilogia que reescreve a história e que começou com Bastardos Inglórios. Depois de reescrever o nazismo e a escravidão nos Estados Unidos, resta esperar para ver o que ele nos reserva para a parte final da trilogia.