O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que reúne os 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington (EUA), afirmou em relatório divulgado nesta terça-feira que o aumento da incerteza provocado pelos recentes escândalos de corrupção – leia-se as delações de executivos da JBS no âmbito da Lava-Jato – podem abalar o andamento das reformas da previdência e trabalhista. Com isso, diz o documento, a recuperação econômica do Brasil fica sob ameaça.
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O relatório, assinado pelo economista-chefe para América Latina, Martin Castellano, ressalta que as últimas alegações de irregularidades envolvem uma ampla base de atores políticos chave no Executivo e no Congresso, e que esse contexto pode trazer duas consequências: o aumento da incerteza e da resistência da sociedade às medidas de austeridade; maior probabilidade de um candidato presidencial “populista” em 2018, em meio à crescente frustração com os partidos tradicionais.
Em outro relatório, de janeiro, a instituição arriscou um palpite ao apostar que o próximo presidente provavelmente seria do PSDB ou do PMDB. “Embora não possamos descartar um candidato não tradicional, já que os eleitores anseiam por mudanças, uma economia amplamente melhorada deve dar suporte a candidatos tradicionais”, disse o IIF à época. No novo relatório, se absteve de opinar sobre qual seria a melhor opção.
Incerteza tem dificultado retomada, apesar de medidas
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Para o instituto, a incerteza que ronda o mercado, motivada pela corrupção “em larga escala”, tem se mostrado um obstáculo importante ao crescimento, mesmo que as políticas adotadas nos últimos meses para dar andamento às reformas e para ajuste fiscal tenham aumentado a confiança das empresas e impulsionado os preços dos ativos.
Vários elementos, diz o relatório, sugerem que a instabilidade política tem impedido a retomada. Em primeiro lugar, o investimento e a produção industrial têm sido fracos, apesar da melhoria da confiança dos investidores e do bom desempenho das exportações. Em segundo lugar, o crédito continuou a diminuir devido à baixa demanda por financiamento e ao recuo dos empréstimos públicos. O desemprego, que subiu para 13,7% em março, ante 10,9% no ano anterior, aparece como um terceiro elemento, e reflete a ainda frágil dinâmica do mercado de trabalho. Em quarto lugar, as expectativas do mercado de crescimento de médio prazo, que tendem a ser influenciadas por desenvolvimentos políticos e institucionais, permaneceram subjugadas apesar do relativo avanço das propostas de reforma.