Descrença. Essa palavra reflete a sensação que permeia a próxima geração de eleitores brasileiros perante a atual situação do sistema político do país, que causou protestos durante a semana em todos os estados. Durante uma aula de Sociologia no colégio Pedro II, em Blumenau, os alunos do primeiro ano do ensino médio debatiam sexta-feira de manhã a atual situação política do país com ares de quem, mesmo com apenas 15 ou 16 anos, já não tem tanta confiança no sistema. Embora pareçam reconhecer a indignação das ruas, ponderam que a falta de informação é grande e que de pouco adianta ir às ruas e depois votar nos mesmos candidatos de sempre.
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– Muita gente acha que se tirar a Dilma o país vai melhorar do dia para a noite. Mas acho que não é assim, corrupção existe há muito tempo no Brasil – afirmou uma das alunas durante o debate.
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Questionados pela professora se acham que os protestos nas ruas vão mudar alguma coisa, a maioria dos jovens mostra sua descrença ao afirmar que não – e mostram em suas argumentações que são principalmente pautados pelo debate na internet, seja com notícias verdadeiras ou não.
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– Precisa ter pensamento crítico. Estamos em um momento de movimento de transformação, enquanto o Brasil costumava protestar por movimentos de conservação, para que não tivessem direitos reduzidos. É importante pensar nos fatores que fizeram a situação chegar onde está – avaliou a professora Silvia Regina Threiss com os alunos.
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A coordenadora do Setor de Avaliação, Pesquisa, Estatística e Formação Continuada da Secretaria Municipal de Educação, Luciana Vaz, explica que a instabilidade política e social é tratada em todas as disciplinas em diversos momentos da educação. No entanto, garante que os professores tomam cuidado para não tornar o debate partidarizado, e sim fornecer ferramentas para que os alunos tirem suas próprias conclusões sobre o cenário vivido no país:
– Entendemos que a educação é uma ação formativa. Temos que pensar que o aluno está completamente conectado, e quando falamos em contexto educacional, ele não pode estar alheio ao que acontece no país.
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Para ela, o cenário político deve integrar os debates na sala de aula, onde se tornará objeto de reflexão e análise. Assim o aluno terá condições de desenvolver o pensamento crítico.
– Não podemos opinar o que tem que ser ou não. Por meio da reflexão, estudo e conhecimento é o aluno que define – explica.