A crise nas Americanas devido ao rombo bilionário pode afetar cerca de 1,2 mil funcionários que trabalham em lojas em Santa Catarina, segundo relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Além disso, empresas fornecedoras de mercadorias também podem ser afetadas no Estado.

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Desde o pedido de recuperação judicial não houve desligamentos em unidades das Lojas Americanas em Santa Catarina. Pelo contrário, alguns estabelecimentos até contrataram funcionários, como em Florianópolis, de acordo com a Federação dos Trabalhadores do Comércio em SC (Fecesc). Isso ocorre porque a lei protege a empresa evitando demissões em massa. O futuro, entretanto, é incerto.

— Atualmente a lei de recuperação judicial preserva a estrutura da empresa em um primeiro momento, não havendo demissões em massa. Mas muitas empresas perdem a recuperação e pedem falência, pois não cumprem aquilo que pediram. E aí que está o grande problema. Os empregados perdem verbas trabalhistas, como dinheiro da rescisão — explica o presidente da Fecesc, Ivo Castanheira.

Conforme o relatório do Dieese, todas as grandes e médias cidades catarinenses contam com alguma unidade do grupo Americanas S.A, empregando 1,2 mil trabalhadores. No total, são mais de 50 lojas espalhadas pelo Estado:

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  • Lojas Americanas: loja maior, com área média de vendas de 1.500 m2 e catálogo de 60 mil itens
  • Americanas Express: loja compacta, com área média de vendas de 400 m2 e catálogo de 15 mil itens, adequado ao perfil do público local
  • Hortifruti Natual da Terra: comercialização de produtos orgânicos
  • Grupo Uni.Co: Puket, Imaginarium e Love Brands (franquias)
  • Vêm Conveniência – BR Mania (franquia): lojas de conveniência dos Postos BR

Impacto para fornecedores

Para além do possível impacto aos trabalhadores empregados diretamente pela Americanas S.A., outras 2 mil fornecedoras de mercadorias, parte delas localizadas também em Santa Catarina, podem ser afetadas. O presidente da Fecesc explica que a empresa geralmente compra os produtos a prazo e depois revende aos clientes. Caso decrete falência, pode não fazer os pagamentos aos fornecedores.

A Americanas já deve pelo menos R$ 185 milhões para credores de Santa Catarina, incluindo empresas, pessoas físicas e até prefeituras, conforme divulgado pelo colunista Pedro Machado.

Crise na Americanas

Em comunicado divulgado ao mercado em janeiro, a Americanas informou que foram encontradas “inconsistências em lançamentos contábeis” em seus balanços financeiros que somavam R$ 20 bilhões. Os valores não haviam sido registrados como dívidas em balanços anteriores.

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Por conta do escândalo contábil, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, informando que o total de suas dívidas chegavam a R$ 43 bilhões, entre cerca de 16,3 mil credores.

Com o pedido de recuperação judicial, todas as dívidas da empresa ficam suspensas por 180 dias, para que a companhia consiga se recuperar. A expectativa é de que a companhia apresente a primeira versão de um plano de reestruturação em até 60 dias.

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