O presidente do Conselho italiano, Mario Monti, declarou neste sábado ao presidente Giorgio Napolitano que tem a intenção de apresentar sua renúncia “irrevogável”, assim que for aprovada a lei de estabilidade orçamentária, horas depois de seu antecessor, Silvio Berlusconi, ter anunciado que será novamente candidato a governar a Itália.
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Monti se reuniu durante mais de uma hora com o presidente da República, Giorgio Napolitano, e manifestou a ele sua intenção de apresentar sua renúncia “irrevogável” depois de aprovado o orçamento, segundo um comunicado do Quirinal, a Presidência da República.
Monti “considera que não é possível continuar seu mandato e manifestou, em consequência disso, sua intenção de apresentar sua renúncia”, indica o comunicado.
Na sexta-feira, Monti se reuniu com os líderes políticos, entre eles Angelino Alfano, do Povo da Liberdade (PdL), partido de centro-direita de Berlusconi que até agora o apoiava.
O comunicado presidencial acrescenta que os comentários feitos por Alfano no Parlamento equivaliam a uma retirada da confiança no governo de Monti.
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“Acreditamos que a experiência do governo Monti terminou”, disse Alfano esta semana na câmara. O político defendeu o fim “de maneira ordenada” da legislatura, e esclareceu que não tentaria derrubar o governo.
O executivo tecnocrata de Monti deveria, de qualquer maneira, chegar ao fim na próxima primavera (hemisfério norte). As eleições legislativas devem ser realizadas, a princípio, em março ou abril.
As últimas pesquisas preveem uma vitória do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, mas sem maioria absoluta, o que o obrigaria a tentar uma coalizão.
Para pressionar o governo, na quinta o PdL mandou um aviso abstendo-se em duas votações no Parlamento.
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O ex-presidente do Conselho Silvio Berlusconi, de 76 anos, surpreendeu neste sábado ao anunciar que pretende se candidatar pela centro-direita às eleições legislativas de 2013.
“Entro em cena para ganhar”, declarou à imprensa o ‘Cavaliere’, que há pouco mais de um mês garantia que não disputaria as eleições.
“Sou acossado por perguntas dos meios para voltar ao primeiro plano”, explicou Berlusconi na quarta-feira à noite, afirmando que queria salvar uma “Itália à beira do precipício” e minada pelo desemprego e pelo aumento dos impostos.
Berlusconi anunciou uma reunião de seu partido neste domingo, além de contatos com seu ex-aliado populista, a Liga do Norte, com a esperança de “chegar a uma decisão que possa permitir que ambos votem juntos pelo mesmo candidato”.
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Desde novembro de 2011, o partido Povo da Liberdade (PdL) apoiava o governo de tecnocratas de Mario Monti, em uma aliança inédita com a centro-esquerda, feita a contra-gosto.
“Demos mostra de uma grande responsabilidade e, durante um ano, apoiamos este governo tentando corrigir as medidas que não nos convenceram. Mas também afirmamos sempre que uma política de austeridade em uma economia que não cresce provoca danos”, explicou Berlusconi.
“Todos os índices estão piores do que há um ano”, assegurou Berlusconi, acrescentando que seu partido votará os textos atualmente examinados no Parlamento, a começar pela lei orçamentária.
Ainda no final de outubro, o magnata e dono do império de mídia Mediaset, enfraquecido por seus problemas com a justiça, havia anunciado que desistia de se candidatar ao posto de chefe de governo.
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Mas desde então, nenhuma personalidade de centro-direita emergiu.
“Faz falta um líder como o Berlusconi de 1994, mas não encontramos um”, explicou referindo-se a sua entrada na política, para justificar seu retorno à arena.
Berlusconi anunciou que quer apresentar nas legislativas “muitas caras novas”, e afirmou que nesse sentido já entrou em contato com o mundo empresarial, dos esportes e com universidades para buscar candidaturas.
Em outubro de 2011, o “Cavaliere” teve que ceder à pressão política e dos mercados financeiros para entregar o poder a Mario Monti.
Pouco antes de anunciar que vai deixar a chefia do governo, Monti pediu à classe política que mantenha a sua política reformista.
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“Estou convencido de que, seja qual for a orientação do governo que (me) suceder, prevalecerá a sabedoria dos políticos da Itália. Estou certo de que o que fizemos em termos de saneamento das finanças públicas italianas não será destruído”, havia comentado Monti em Cannes (sudeste da França) durante um seminário sobre gobernança econômica.
“Fizemos reformas estruturais que nenhum dos dois partidos de centro-direita conseguiram fazer por si só”, comentou também, destacando “um saneamento orçamentário que coloca a Itália no caminho de um balanço equilibrado em termos estruturais em 2013”.