Os protagonistas da crise do Golfo fizeram, sob pressão internacional, alguns gestos para tentar aliviar as consequências humanitárias do embargo regional contra o Catar, mas ainda não há solução à vista ao conflito.
Continua depois da publicidade
Acusado de “apoiar o terrorismo”, o Catar afirmou que, ao contrário de seus adversários, não vai forçar os cidadãos dos países que romperam relações com ele a partir e que as exportações de gás continuam normalmente.
Por sua vez, o Irã anunciou o envio de toneladas de frutas e legumes para o Catar, sujeito a um bloqueio por parte de vários dos seus vizinhos, incluindo pela Arábia Saudita.
Quando a crise eclodiu em 5 de junho, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e Bahrein deram 14 dias aos cidadãos do Catar para deixar seus territórios.
Continua depois da publicidade
Rejeitando agir em represália, o Catar declarou que os cidadãos destes países – que seriam cerca de 11.000, segundo dados oficiais de Doha – podem permanecer no emirado.
Doha “não tomará medidas contra os residentes no Catar que possuam a nacionalidade dos países que romperam relações, em um contexto de campanhas hostis e tendenciosas”.
Já as autoridades da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Bahrein pouco fizeram para aliviar a situação.
Continua depois da publicidade
Washington e a Anistia Internacional acionaram o alarme para as consequências humanitárias da crise sobre milhares de pessoas.
A gigante energética Qatar Petroleum (QP) indicou que “mobilizou todos os recursos disponíveis” para garantir as entregas aos clientes, apesar da crise. “Business as usual”, afirmou QP.
Maior exportador de gás natural liquefeito, o Catar havia anunciado em abril que aumentaria a produção no maior campo de gás do mundo, que compartilha com o Irã.
Continua depois da publicidade
Foi o gás que permitiu o emirado enriquecer e firmar suas ambições regionais e internacionais.
Os adversários de Doha no Golfo, mas também o Egito, não só romperam relações diplomáticas, como também fecharam suas fronteiras e adotaram medidas contra a imprensa catari, incluindo a rede Al-Jazeera.
– Aviões iranianos –
Frente ao bloqueio ao Catar, que importa grande parte de seus produtos de consumo, o Irã enviou cinco aviões carregados com 90 toneladas de vegetais cada, segundo Shahrokh Nushabadi, porta-voz da companhia Iran Air.
“Um sexto deve decolar hoje”, disse ele.
Além disso, 350 toneladas de frutas e legumes também foram carregadas em três pequenos barcos” para o Catar, de acordo com Mohammad Mehdi Bonchari, diretor do porto de Dayyer (sul do Irã).
Continua depois da publicidade
O Kuwait, país do Golfo que não rompeu com o Catar, não poupa esforços para resolver a crise.
Neste domingo, o ministro das Relações Exteriores disse que o Kuwait continuaria a mediar o conflito, enquanto o Catar estaria pronto para “unir esforços” para reforçar a segurança no Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).
Também neste domingo, a agência de notícias saudita SPA informou que o secretário de Estado americano Rex Tillerson telefonou ao poderoso vice-príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane, filho do rei e ministro da Defesa saudita.
Na sexta-feira, o presidente americano Donald Trump pediu a Doha para parar “imediatamente” de financiar o “terrorismo”. O Catar, que abriga uma grande base militar americana crucial na luta contra o grupo Estado Islâmico, rejeitou todas as acusações contra ele.
Continua depois da publicidade
Ao receber no sábado o chefe da diplomacia do Bahrein, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan pediu ao Catar e a seus vizinhos para acabar com a crise “antes do fim do Ramadã”, em torno de 25 de junho.
Sem criticar Riad, a Turquia aparece como o esteio de Doha. O Parlamento turco aprovou na quarta-feira o envio de tropas turcas a uma base no Catar sob um acordo de 2014.
* AFP