A Qatar Airways tornou em alguns anos Doha um centro de operações mundial, mas sua posição de grande companhia aérea é agora ameaçada pela proibição de sobrevoar os países vizinhos, consequência da grave crise no Golfo.
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Assim como as companhias Emirates de Dubai e Etihad de Abu Dabi, a companhia aérea do Catar conseguiu controlar parte da atividade de trânsito mundial graças à sua invejável localização geográfica na região do Golfo.
Graves divergências políticas entre Catar, por um lado, e Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, pelo outro, levaram na semana passada a uma ruptura de relações diplomáticas e a sanções, como o fechamento do espaço aéreo desses três países à Qatar Airways.
Essas medidas geraram o cancelamento de dezenas de voos diários da empresa catari, assim como dos outros três países do Golfo, que já não voam para Doha.
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Além disso, obrigam aviões da Qatar Airways a realizar rotas alternativas em seus destinos intercontinentais, evitando o vasto reino saudita e o Bahrein.
“O impacto já é negativo pois aumenta os tempos de voo e gera aumento de custos”, afirma o especialista Addison Schonland da companhia AirInsight, baseada nos Estados Unidos. Isso provocará uma “grande redução dos lucros”, acrescenta.
O Catar está cercado pelo espaço aéreo do arquipélago do Bahrein, que cobre grande parte das águas do Golfo, e seus aviões cruzam habitualmente o amplo espaço aéreo saudita, para voar para Oriente Médio, África e América Latina.
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– Duas horas a mais para São Paulo –
Hoje, com as proibições vigente, o tempo de voo até São Paulo aumentou duas horas, segundo os sites aéreos.
Os voos da Qatar Airways no norte da África passam agora por Irã e Turquia para chegar ao Mediterrâneo, em vez de sobrevoar Arábia Saudita e Egito, outro país que também tomou medidas contra o governo de Doha.
Os voos para a Europa têm sido menos afetados porque continuam passando pelo céu do Irã, com um pequeno desvio para evitar o espaço aéreo do Bahrein.
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Segundo autoridades iranianas, uma centena de voos adicionais cruzam diariamente o céu de seu país desde o início da crise, representando um aumento de 17% dos voos internacionais.
“Os itinerários dos voos e o consumo de combustível vão aumentar” para a Qatar Airways, afirma o especialista em aviação Kyle Bailey.
Cerca de 90% do tráfego da Qatar Airways em Doha depende do trânsito, segundo um relatório da CAPA Centre for Aviation, um grupo de assessoria.
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– Perda ‘devastadora’ –
Arábia Saudita e Emirados representam os dois maiores mercados para a Qatar Airways, lembra Kyle Bailey.
Sua perda será “devastadora para o balanço financeiro da companhia, que perderá cerca de 30% de seu volume de negócios”, prevê.
A Qatar Airways revelou no domingo um lucro líquido em alta de 22%, a 482 milhões de euros para o exercício 2016/2017 encerrado em 31 de março, pouco antes do início da crise.
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A Qatar Airways é a maior transportadora estrangeira operando nos Emirados, segundo a CAPA. Parte do tráfego intercontinental poderia ser recuperado pela Emirates e a Etihad, segundo os analistas.
As duas companhias do Emirados têm amplas redes mundiais e, junto com a Qatar Airways, geraram a indignação das transportadoras aéreas europeias e norte-americanas, que as acusam de beneficiar-se de subsídios públicos para desenvolver seus mercados.
* AFP