Devido à crise internacional, a economia mundial vai encolher entre 1% e 2%, número que supera a estimativa de 0,7% do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick.

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– O FMI prevê uma contração de 0,7% para a economia global. No Banco Mundial, ainda não publicamos uma estimativa, mas acho que haverá uma redução de 1% a 2%. São análises comparáveis, com métodos diferentes- afirma Zoellick numa entrevista publicada neste domingo pelo jornal italiano Corriere della Sera.

O presidente do Bird adverte que 100 milhões de pessoas voltarão à pobreza e que entre 200 mil e 400 mil crianças terão suas vidas ameaçadas pelos efeitos de uma crise econômica que, segundo disse, não deve ser combatida com medidas protecionistas.

– Assistimos a episódios que levam a um recuo, a políticas isolacionistas, ao protecionismo. Todo isso pode dificultar a resolução dos problemas econômicos. Na verdade, já há 47 países que aprovaram medidas isolacionistas. Eles nem sempre violam os acordos internacionais, talvez façam o que (o primeiro-ministro da Grã-Bretanha) Gordon Brown chama de protecionismo financeiro: um certo Governo dá uma ajuda aos bancos, mas fazem as entidades usarem o dinheiro no país – acrescenta.

Para ele, os planos de reativação da economia promovidos pelos governos não servem de nada sem que seja resolvida a questão dos bancos.

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– Sem o saneamento dos bancos, é como uma injeção de glicose no sangue. Por um período de tempo pequeno, ativa o sistema, mas se o crédito permanece congelado perde o efeito multiplicador. O sistema financeiro é o sangue de uma economia moderna, e até que se consiga fazê-lo circular, não haverá vida. Se a dívida pública é elevada, ampliar os gastos pode ser contraproducente.

Sobre a possibilidade de a crise causar um terremoto financeiro no Leste Europeu, o presidente do Bird acha que cada país é diferente e que há alguns como a República Checa, a Eslovênia e a Eslováquia, que estão melhor posicionados que outros na atual conjuntura:

– A história demonstra que a Europa resiste ou cai toda em conjunto. Veremos quantos recursos farão falta. Por enquanto vejo que houve um aumento substancial por parte da União Europeia. Um ponto-chave sobre o qual trabalhamos é o apoio ao setor bancário. Em seis países do centro-leste da Europa operam 12 grandes bancos: italianos, alemães, austríacos, franceses e suecos. Todos têm um papel decisivo.