O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, entregou o cargo nesta segunda-feira, após a fuga do senador boliviano Roger Pinto de La Paz para Brasília com o auxílio de funcionários da embaixada brasileira.
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Depois de passar 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, o senador da oposição fugiu para o Brasil, onde conta com asilo político, em uma operação que desencadeou uma crise bilateral.
“A presidente Dilma Rousseff aceitou a renúncia do ministro Patriota, que será substituído por Luis Alberto Figueiredo, atual representante do Brasil na ONU”, informou a assessoria do governo.
Em nota, o Planalto informou que a presidente agradeceu “a dedicação e o empenho do ministro Patriota nos mais de dois anos em que permaneceu no cargo e anunciou a sua indicação para a Missão do Brasil na ONU”, em Nova York.
O anúncio foi feito depois de uma reunião nesta segunda-feira à noite entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro Patriota, de acordo com a imprensa local.
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A presidente intercedeu depois que o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, creditado na Bolívia, admitiu ter organizado a saída do senador da oposição. Pinto estava refugiado na representação diplomática brasileira de La Paz há 455 dias, deflagrando a irritação da Bolívia.
– Eu escolhi a vida. Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidenta Dilma foi perseguida – declarou o diplomata ao programa “Fantástico”, da TV Globo, no dia seguinte à chegada do senador Roger Pinto a Brasília.
O diplomata disse que agiu de forma autônoma.
Em La Paz, o ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, manifestou nesta segunda a “profunda preocupação” de seu país com essa “violação dos mecanismos de cooperação” dos dois países. Segundo ele, trata-se de um “precedente ruim”.
– O senador Pinto não podia sair do país sem um salvo-conduto sob pretexto algum – frisou.
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No domingo à noite, a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Davila, havia pedido apenas “informações” às autoridades brasileiras, garantindo que o episódio “não afetaria” as relações bilaterais.
O senador do Partido Convergência Nacional (CN, de direita) se refugiou em 28 de maio de 2012 na embaixada do Brasil, à qual pediu asilo. Ele alegou sofrer “perseguições” políticas do governo, depois de acusar vários de seus membros de estarem ligados ao tráfico de drogas.
Pinto dizia ter sido alvo de “20 processos” por diferentes motivos, o que paralisou, segundo o próprio senador, suas atividades políticas. Também foi condenado pela Justiça a um ano de prisão por desvio de recursos, quando era governador da província de Pando.
Brasília concedeu o direito de asilo ao senador pouco depois de sua chegada à embaixada, mas La Paz se recusava a liberar o salvo-conduto. O governo boliviano alega que Pinto é alvo de várias acusações de corrupção. Ainda segundo o governo, trata-se de uma questão judicial, e não política.
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