Os médicos estão tendo um duplo desgaste, primeiro, pela exposição e risco de contágio por coronavírus e, depois, pela redução de ganhos em função dos impactos da crise na economia. A afirmação é do diretor do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc) Carlos Seara Filho em entrevista ao Notícia na Manhã.
Continua depois da publicidade
Ele enfatizou que, apesar da recomendação do governo para que a população fique em casa, a procura por atendimento para outras doenças é imprescindível mesmo neste período.
– Hospitais e clínicas, principalmente as privadas, têm diminuindo os ganhos do médico e de outros profissionais, diminuindo as equipes, porque todo mundo está sendo atingido, não só pela epidemia da doença, mas pela epidemia da economia – declarou.
>Em site especial, saiba tudo sobre coronavírus
Conforme Seara, o sindicato enviou às entidades um pedido para pagamento do grau máximo de insalubridade dos profissionais, mas muitas têm declarado impossibilidade financeira para isso.
Continua depois da publicidade
– Isso nos deixa muito mais estressados e desgastados, porque estamos na linha de frente e começamos a ter rendimentos menores. Quando se achava que teríamos rendimento maior, acabamos perdendo com isso – lamentou.
Fique em casa
Também é preocupação do Simesc a baixa procura por atendimento em clínicas e hospitais para outras doenças, em função do receio de contaminação por coronavírus
– Avaliei uma paciente de 72 anos em casa, que não queria ir ao hospital. Eu disse que não tem como não ir, se não perde a perna, não caminha mais, tem que fazer cirurgia. Ficou muito forte, fique em casa, mas fique em casa quem não tem necessidade de sair. Se eu tô com sintoma, com dor, tenho que ir ao médico – emfatizou.
Conforme Seara, antes da pandemia, uma das dificuldades dos profissionais de saúde era a procura por atendimento em hospitais e pronto socorro sem necessidade.
Continua depois da publicidade
– Tinha gente que não precisava estar lá, poderia ir ao ambulatório. Há pessoas que faziam exame e não buscavam ou não apresentavam, depois voltavam na hora que queriam. Não podemos voltar a essa situação – recordou.
Ouça a entrevista: