A agência de polícia europeia revelou, nesta terça-feira, um relatório que mostra que gangues de crime organizado e grupos terroristas podem ter conseguido lavar centenas de bilhões de euros por ano, apesar das tentativas dos bancos de alertar as autoridades.
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Bancos e outras instituições financeiras privadas relataram às autoridades dos 28 membros da União Europeia cerca de um milhão de transações suspeitas em 2014.
Apesar de os dados não irem além de 2014, houve um “aumento constante no volume de relatos”, disse o informe.
A agência alertou que “a escala dos crimes financeiros é enorme, mas não quantificável” e revelou que as transações assinaladas por apenas dez unidades nacionais de crimes financeiros envolviam o assombroso valor de 212,9 bilhões de dólares em 2014.
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“Com base em um PIB europeu de 14 trilhões, isso equivale a algo entre 0,7% e 1,28% do PIB anual da UE”, ressalta o relatório.
Acredita-se que a maior parte do dinheiro venha de organizações de crime organizado – os grupos terroristas representariam menos de 1% das transações suspeitas.
Cerca de 65% dos casos foram relatados pela Grã-Bretanha e pela Holanda.
Contudo, menos de 10% foram investigados mais a fundo, e apenas em 1% dos casos os fundos foram confiscados por autoridades europeias.
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“Essas descobertas contundentes tornam impossível não questionar por que a taxa de sucesso do sistema é tão fraca e o que pode ser feito sobre isso”, disse o diretor executivo da Europol, Rob Wainwright.
Numa tentativa de aprimorar a capacidade de combate à lavagem de dinheiro do bloco, ele defende a criação de registros bancários centralizados e de uma unidade central de inteligência financeira da UE.
Parte do problema foi que “o regime anti-lavagem de dinheiro ainda opera em nível doméstico e não foi completamente ajustado à realidade” de uma batalha internacional, argumentou.
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Apesar de uma expansão da cooperação entre forças policiais nacionais, “barreiras significativas na cooperação internacional e no intercâmbio de informações continuam existindo e revelam a necessidade urgente de uma visão geral supranacional em mercados cada vez mais globais”, afirmou Wainwright.
O aumento da popularidade de serviços online e esquemas de pagamento digitais significa que a reação das autoridades é “apenas lenta demais para interromper o fluxo de fundos que circulam o mundo quase instantaneamente”, acrescentou.
O relatório propõe que a Europol, baseada em Haia, atue como “um centro pan-Europeu para inteligência financeira”, integrando informações de diversas origens da Europa e de outros locais.
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Ele também sugere, entre suas dez recomendações, que haja um monitoramento cuidadoso das notas de 500 euros, que acredita-se que sejam as preferidas dos criminosos. As notas cor-de-rosa, a de valor mais alto na zona do euro, não serão mais emitidas a partir do fim de 2018.
* AFP