Após o assassinato de uma médica a tiros num assalto na semana passada e do próprio vice-governador Eduardo Pinho Moreira admitir a necessidade de medidas urgentes de combate à criminalidade, o governo do Estado fará uma força-tarefa com as polícias Civil e Militar em Criciúma, no Sul do Estado.
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A operação na tentativa de frear a violência prevê o deslocamento de unidades de elite de Florianópolis a partir de quinta-feira.
O governo ainda não divulgou os detalhes do planejamento que está sendo montado, mas a ação já pode ser avaliada como uma reação ao clima de insegurança e comoção instalado na cidade desde a a morte da médica Mirella Maccarini Peruchi, 35 anos.
Ela foi abordada por dois assaltantes e morta quando chegava em casa de caminhonete. A polícia apreendeu pelo crime um adolescente e prendeu um homem de 22 anos.
Dados da gerência de estatística da Secretaria de Segurança Pública mostram que houve 22 homicídios de janeiro a 4 de maio em Criciúma, índice 100% maior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 11 assassinatos. Em todo o ano de 2014 foram 35 mortes no município, que tem 204,6 mil habitantes.
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A quantidade a coloca como a segunda cidade do Estado em que mais houve homicídios este ano, atrás apenas de Joinville, em que 31 pessoas foram mortas em 2015.
Ao confirmar a força-tarefa, o comandante-geral da Polícia Militar (PM) de Santa Catarina, coronel Paulo Henrique Hemm, demonstrou preocupação com adolescentes reincidentes a frente da onda de violência.
– Só operação não resolve. É preciso um trabalho conjunto entre Polícia Civil, Ministério Público, Judiciário, Prefeitura, Secretaria da Justiça e Cidadania, Conselho Tutelar. Todos devem se engajar – opinou Hemm.
Assim como aconteceu em outras cidades depois que mortes violentas e assassinatos cresceram, como em Chapecó, no Oeste, a PM enviará a Criciúma tropas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Choque e Batalhão Aéreo. Serão feitas barreiras e incursões em bairros críticos para apreender drogas e armas e capturar foragidos.
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Nesta terça-feira, em Florianópolis, a reivindicação por mais segurança em Criciúma será um dos principais assuntos levados ao governador Raimundo Colombo em audiências no Centro Administrativo. De manhã, a partir das 10h, ele terá encontro com deputados estaduais do Sul e à tarde com empresários da região.
Aumento de mortes em mais cidades
O crescimento do número de assassinatos não é uma situação apenas de Criciúma. Há outras cidades que também enfrentam essa realidade, conforme mostram as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública.
Uma delas é justamente a maior de Santa Catarina, Joinville, onde também é constante a exigência, por exemplo, de mais efetivo policial. Este ano, já são 31 mortes na cidade, seis a mais que o mesmo período de 2014.
Blumenau, Itajaí, Itapoá, Biguaçu e Lages também tiveram mais homicídios de janeiro a maio de 2015. Houve queda em Florianópolis, Chapecó e São José.
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Para o coronel Paulo Henrique Hemm há um cenário de aumento da criminalidade que atinge o país como um todo.
O delegado-geral da Polícia Civil em Santa Catarina, Artur Nitz, diz que o quadro é preocupante, principalmente em Joinville e Criciúma, mas que ainda acredita ser possível mudar essa condição a partir do trabalho das polícias.
– Metade desses assassinatos já foram elucidados. A nossa equipe de lá (Criciúma) é boa – declarou Nitz.
A Polícia Civil vai deslocar para Criciúma um escrivão e três agentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), além do diretor da Grande Florianópolis, delegado Juarez de Souza Medeiros, que é da região.
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Esses policiais atuarão 30 dias no auxílio às investigações de homicídios com a Divisão de Investigação Criminal (DIC) local.