O Poder Judiciário determinou nessa quinta-feira (19), que o município de Criciúma retome de imediato a administração da Central de Serviços Funerários, atendendo a um pedido de tutela formulado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Ainda ficou definido que as empresas prestadoras investigadas na Operação Caronte, suspendam as atividades em âmbito municipal a partir de 1° de fevereiro de 2025.
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Conforme as investigações, houveram irregularidades na licitação de concessão do serviço público com o favorecimento de empresas, fraudando a competitividade. Foram fornecidas informações privilegiadas, além do ajuste dos documentos mediante acerto entre empresários e o Poder Público.
Os Promotores de Justiça apontam que foi possível identificar que agentes públicos e as empresas agiram em conluio para alterar a forma de execução do serviço para favorecer as empresas concessionárias. Assim, lesando os consumidores que precisam fazer uso dos serviços. A inércia do Poder Executivo do Município de Criciúma para solucionar a questão também embasou o pedido.
Ilegalidades do serviço funerário
A ação do MPSC em ato conjunto das Promotorias de Justiça da Comarca de Criciúma, sustenta que o decreto suspenso entregava ilegalmente a administração da Central de Serviços Funerários aos empresários que participavam dos conluios. As investigações apontam que os beneficiados pelas ilegalidades agiam dentro da administração municipal para obter sua aprovação.
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De acordo com o MPSC, o Poder Executivo do Município permitiu que as empresas diminuíssem a qualidade dos caixões gratuitos e tabelados, além de restringir seu fornecimento, assim aumentando os lucros. Foi identificado um ajuste ilegal de preços entre as empresas funerárias demandadas, o que resultou em um aumento de 76,14% do valor médio cobrado das famílias enlutadas.
O Município de Criciúma deverá assumir diretamente a execução do serviço público ou realizar nova contratação/concessão, ainda que em caráter emergencial. As providências necessárias devem ser tomadas no período da transição, para que a partir de 1º de fevereiro de 2025, o serviço funerário não seja interrompido e as famílias enlutadas sejam bem atendidas.
De acordo com a liminar, deverá haver o remanejamento de servidores efetivos em número suficiente e necessário para a emissão das Fichas de Acompanhamento Funeral (FAFs) e o gerenciamento do sistema de rodízios das funerárias. Os familiares enlutados terão de ser orientados sobre o direito de escolha de funerária de sua preferência ou será promovido o chamamento da funerária de plantão.
A multa em caso de descumprimento de cada ato da decisão é de R$ 50 mil.
Operação Caronte
A Operação Caronte foi deflagrada em 5 de agosto em apoio à Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC, pelo Gaeco e Geac. Foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão em sete cidades catarinenses e em um município do Rio Grande do Sul, além do afastamento do cargo público de dois dos investigados.
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A operação teve continuidade no dia 3 de setembro, cumprindo mais 10 mandados de prisão preventiva. Entre os detidos estava o prefeito Clésio Salvaro. Ele foi solto em 23 de setembro e retornou à prefeitura no dia 31 de outubro.
Ao todo, 21 réus respondem pela prática dos crimes de organização criminosa, fraude em procedimentos licitatórios e contratações públicas, crimes contra a ordem econômica e a economia popular, além de corrupção passiva e ativa. O processo tramita no Tribunal de Justiça, em função da prerrogativa de foro do Prefeito Clésio Salvaro, um dos acusados.
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