Regina Drummond fala rápido, como boa mineira nascida em Torres, e talvez por isso a necessidade de contar histórias no mesmo ritmo faça com que ela não pare de lançar novos livros e não deixe silenciosa uma palestra como a que apresentou na Feira do Livro de Joinville na manhã desta quarta.

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Por um momento, os estudantes – adolescentes de escolas públicas e particulares da cidade – que formavam quase que integralmente a plateia, esqueceram que haviam acabado de conhecer a escritora e começaram a conversar como num bate-papo informal, na verdade, a principal intenção da participação da escritora nos eventos literários.

Perguntas sobre o processo de criação começaram a se misturar com questões sobre o casamento, os filhos e enteados de Regina.

– Essa proximidades das feiras do livro desmistificam a figura do autor, porque não nos colocam lá em cima, num pedestal. Senão, os leitores olham e pensam: ah, não vou conseguir escrever, isso é muito difícil. Assim, criamos um elo -, avalia a mineira.

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Autora de livros infantis desde 1980, quando lançou “O Pássaro Rafa”, Regina começou a escrever para jovens como forma de acompanhar o próprio público.

– Eu escrevia para leitores de seis, sete anos. Então eles começaram a crescer e pedir novos livros, então fui avançando na faixa etária dos leitores -, conta.

Apesar de jovem quando começou, em uma época em que livros infanto-juvenis eram tradicionalmente escritos por escritores experientes, Regina também teve uma grande base na infância. Vinda de uma família de escritores – de onde saíram o poeta Carlos Drummond de Andrade e o jornalista Roberto Drummond, entre outros – ela começou a criar histórias antes mesmo de começar a escrever.

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– Eu narrava e minha mãe escrevia. A família toda era de leitores. Então hoje incentivo os pais e professores a darem o mesmo estímulo aos jovens que gostam de leitura -, afirma Regina, que há 13 anos vive e trabalha na Alemanha.

– Carlos (Drummond de Andrade) me deu um presente que é dos anjos: esse sobrenome que me torna inesquecível. Podem esquecer o nome, mas me veem e falam: ‘lá vem a Drummond -, Regina Drummond, escritora.