Perder os cabelos é a única preocupação de Bruno Ribas, 8 anos. Ele sabe que ficar careca é inevitável e faz parte do tratamento contra a leucemia. Nesta quarta-feira, por algumas horas, isso ficou esquecido entre batuques. De máscara amarela e de camisa com lantejoulas, o garoto virou um folião. Antes que tudo voltasse ao normal, para ele e outras crianças internadas no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, também foi carnaval.
Continua depois da publicidade
Assista ao vídeo do Carnaval no Hospital Infantil:
As escolas de samba Unidos da Coloninha e Protegidos da Princesa levaram parte da bateria, porta-bandeiras mirins e baianas. As crianças que puderam, deixaram os quartos para ver o samba passar. Por trás de uma máscara, Otávio Luan Pandolfo, 1 ano e 7 meses, não desgrudava os olhos da bagunça. Apesar de ter tirado uma amostra de líquido da medula óssea, na manhã desta quarta-feira, estava disposto para a folia.
– É bem difícil alguma criança passar por isso e já ficar de pé. Gostei bastante da iniciativa, porque elas saem do quarto e se distraem – observou Fabiane Pandolfo, mãe de Otávio.
Continua depois da publicidade
Everton Santos Dias, 8 anos, foi a caráter para a festa. De roupa de palhaço, máscara vermelha e peruca verde, nem quis tomar banho antes de vestir o traje. Há um ano, o garoto de Ponte Alta, na Serra, faz quimioterapia nos rins. Dos 30 dias do mês, 12 passa fora de casa.
De longe, o mais animado era Eduardo da Luz Lucena, 13 anos. Portador de deficiência física por causa de uma sequela de mielomeningocele, o garoto está internado com uma infecção urinária. Perderá dois dias de carnaval, porque só terá alta na segunda-feira. A saída dele no bloco da Praia Grande, em Governador Celso Ramos, seria sábado e precisou ser adiada. Sem lamentar, caiu no samba com as enfermeiras.
Música e distração ajudam no tratamento
Além das escolas, também levaram um pouco de folia o Bloco Amigos do Caramuru e a Escola Mirim Mensageiros da Alegria. O evento foi organizado pelo Programa de Recreação da Pedagogia do hospital.
Continua depois da publicidade
A chefe do setor pedagógico, Claudia Mattos, afirma que dias assim dão um impulso no tratamento das crianças e quebram o estigma de que lá é um lugar triste. Para a presidente Associação de Voluntários de Saúde do Hospital Infantil, Maria Gertrudes da Luz Gomes, esse contato com o samba ajuda a amenizar o sofrimento das crianças.
Os voluntários sempre dão um toque diferente nos corredores azuis. Eles ganharam máscaras e serpentinas.
– Quando sair o carnaval, iremos vestir o hospital de páscoa. Tudo para fazer daqui um ambiente diferente, que lembre mais um jardim de infância.
Continua depois da publicidade