Para quem celebra a Páscoa, a data tem um significado forte: é a vitória da vida sobre a morte, aponta a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Nada mais profundo para aqueles que vão passar a data dentro de uma unidade de saúde ou então irão deixá-la. Em Blumenau, o Hospital Santo Antônio encontrou uma forma de possibilitar aos pacientes a celebração do feriado cristão, principalmente para as crianças: promoveu uma caça aos ovos que mudou a rotina do setor pediátrico.
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Pegadas no chão indicavam o caminho. Aos poucos os pequenos saíam dos quartos. Tímidos e com olhares curiosos, de dúvida sobre o que os aguardava. As orelhas brancas das psicólogas davam uma pista. No fim do corredor, em um espaço com muitos brinquedos, estava o coelhinho com a cesta cheia de chocolates. Um a um, eles receberam o mimo.
Gabrielly Anacleto era uma delas. Depois de passar por sessões de radio e quimioterapia para tratar um câncer ósseo no joelho, a menina de 14 anos se recupera. O personagem comum desta época já não lhe atraía. Mas receber algo que gosta muito, o chocolate, junto com a previsão de alta para o fim de semana de Páscoa a fez abrir um sorriso. O que pode ser melhor do que voltar para casa após um mês e meio de internação? Para ela, nada.
– Estou bem, só um pouco enjoada, mas quero muito ir para casa – confessa a garota.
Considerando o quadro da sobrinha quando deu entrada no hospital, a tia Sandra Anacleto Marcelino se mostra aliviada pela melhora da adolescente e também pela possibilidade de poder recebê-la novamente no aconchego do lar. Enfrentar a doença perto de quem se ama é mais reconfortante.
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– Vê-la caminhando pelos corredores, sorrindo novamente, isso é a maior felicidade que a gente tem. Aquele que ressuscitou é o mesmo que hoje deu uma oportunidade nova da Gabi viver, e a gente agradece muito a Deus por isso – diz a tia.
A alegria e a descontração de momentos simples como uma caça aos ovos pelos corredores do hospital refletem de forma positiva na saúde das crianças.
– A gente sempre pensa no que é importante para o paciente durante a internação, e para as crianças é importante brincar. É assim que eles se desenvolvem, criam autonomia, aprendem e despertam bons sentimentos. Todo esse conjunto faz com que eles diminuam o sofrimento psíquico e a angústia que é a internação. De certa forma, contribui para que o tratamento seja mais tranquilo – explica a psicóloga do hospital, Charlene Halmenschlager Thome.