Com a perspectiva de completar a aplicação da primeira dose da vacina contra Covid-19 em adultos acima de 18 anos até final de agosto em Santa Catarina, aumentam as discussões sobre estender a vacinação para crianças. Especialistas ouvidos pela reportagem defendem o foco na imunização adulta.
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Estudos já estão sendo feitos para identificar a eficácia e segurança dos imunizantes na população abaixo de 12 anos. No entanto, para atingir esse público, será necessário quantidade maior de vacinas. Realidade ainda distante no país. Segundo o IBGE, a população de zero a 11 anos em Santa Catarina é de 1.139.672 pessoas, em 2021.
Até o momento, o único país que aprovou a vacinação em crianças acima de três anos foi a China, após estudo feito com a Coronavac. No Brasil, entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não autorizou o uso para este grupo. O Instituto Butantan, que produz a Coronavac no país, fez a solicitação, mas a Anvisa negou o pedido e solicitou mais dados do estudo.
Outras empresas também estão fazendo pesquisas, como a Astrazenca, Moderna e a Pfizer, mas ainda não apresentaram resultados conclusivos.
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Conforme o pesquisador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), José Cássio de Moraes, os estudos em crianças demoraram para serem feitos, pois a prioridade era liberar a vacinação de grupos de maior risco. Ele destaca que cada faixa-etária responde de uma forma ao imunizante, por isso é necessário fazer testes específicos com cada grupo.
— Como a principal preocupação da pandemia eram adultos e idosos, não se fez estudos em crianças, para poder acelerar a liberação de vacina. Então, agora várias companhias estão fazendo esses estudos. Tudo indica que a vacinação vai ser liberada em breve, mas só depois dessa liberação nós poderemos definir o quão prioritário esse grupo vai ser no nosso Plano Nacional de Imunização. Estamos preocupados primeiro com a segunda dose e adolescentes com comorbidades, que são mais vulneráveis, e depois adolescentes em geral — explica Moraes.
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Foco é na terceira dose de grupos de risco
Países que conseguiram avançar na vacinação já discutem a aplicação de uma dose na população. Na última quarta-feira, dia 18, a Anvisa decidiu recomendar que o Ministério da Saúde aplique uma terceira dose da vacina Coronavac em idosos e pessoas com a imunidade comprometida. Com isso, a vacinação de crianças deve ficar ainda mais distante na fila de prioridade.
— Vários estudos estão indicando que uma terceira dose deve ser necessária, principalmente para a população de imunodeprimidos e acima de 80 anos, porque eles já têm uma perda da sua capacidade de resposta. E dado a gravidade da doença nesses dois grupos, se temos uma escassez de vacina, a prioridade provavelmente vai ser o uso de uma terceira dose, para depois ir para crianças. Já que a doença é muito menos grave neste grupo — destaca o pesquisador.
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De acordo com a Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Catarinense de Pediatria, Sônia Maria de Faria, focar na imunização da população adulta é uma forma de garantir que as crianças não sejam infectadas.
— Criança em relação a adulto tem uma incidência menor de Covid e de menor gravidade. A partir da hora que nós protegermos a população adulta, como estamos fazendo neste momento, nós vamos reduzir a transmissibilidade. Então indiretamente já estamos protegendo as crianças — explica Sônia.
A pediatra também destaca que, enquanto muitos pais estão preocupados se os filhos poderão ser vacinados contra a Covid-19, as crianças estão deixando de ser protegidas contra outras doenças mais graves, para as quais já existem vacinas.
— Estamos passando por um período crítico em relação a coberturas vacinais para vacinas habituais, como sarampo, varicela, tétano e poliomielite, no mundo inteiro. A cobertura está baixa. Existe essa preocupação dos pais se terá vacina da Covid para as crianças, e acaba-se esquecendo das vacinas habituais que já estão disponíveis — reforça a pediatra.
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