A seletiva nacional da Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville, tem sido a oportunidade para crianças de todo o país transformarem suas vidas por meio do balé. No último mês, 20 meninos e 20 meninas foram selecionadas entre milhares de candidatos para dar início ao curso gratuito de dança clássica, com duração de oito anos, na única filial fora da Rússia da escola famosa em todo o mundo.

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O processo seletivo para as turmas de 2022 teve uma pré-seleção online e etapas presenciais em João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis e nas escolas da rede pública de Joinville.

O processo começou com candidatos de 13 estados brasileiros, que encararam duas etapas de seleção enquanto a lista de concorrentes se afunilava até permanecerem os 40 selecionados.

A primeira etapa foi a médica-fisioterápica, em que profissionais analisaram postura, estrutura e habilidades físicas, motoras, frequência cardíaca e respiratória, além do percentual de massa corpórea e somatotipo, força, musculatura e articulações.

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A segunda parte consistiu na avaliação artístico-musical e cognitiva, em que foram analisadas habilidades técnicas e artísticas, musicalidade, projeção cênica e ainda o desempenho intelectual dos candidatos.

Centenas de famílias foram impactadas durante a seletiva, além de muita emoção e expectativa envolvidas. Quando a lista com os nomes selecionados foi exposta na porta de vidro, na entrada da escola em Joinville, o futuro de diversas famílias começou a tomar novos rumos. Houve choro, comoção e alegria de mães, pais e crianças que aguardavam pelo resultado.

Isadora e Bruno em frente à sede do Bolshoi em Joinvillea
Isadora e Bruno em frente a sede do Bolshoi em Joinvillea (Foto: Patrick Rodrigues, A Notícia)

Única joinvilense entre meninas aprovadas

Entre os escolhidos para começar o curso de dança clássica em março do próximo ano estava Isadora Liana Zoz, de 9 anos. Ela foi a única joinvilense selecionada entre as 20 meninas aprovadas e terá colegas de outros oito estados a partir de 2022.

– Estou muito empolgada porque para mim o balé significa minha vida. Meu sonho é ser bailarina – conta.

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A história de Isadora com a dança começou há cerca de dois anos, quando a mãe Joyce foi matricular a filha na aula de violino. Elas viram uma faixa com a propaganda para um curso balé e foram se informar. Após a primeira aula experimental, o professor questionou se havia interesse em preparar a menina para a seletiva do Bolshoi.

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Foram dois anos com aulas de balé, inclusive pela internet por causa da pandemia. Mesmo que o curso tenha sido preparatório para o Bolshoi, a família nunca colocou pressão sobre a filha, que foi para a seletiva para se divertir enquanto tentava uma vaga na escola.

– Eu não achava que aconteceria na primeira tentativa. Fui conhecendo outras mães, que estavam na segunda ou terceira vez, e achei que precisaria de mais experiência para conseguir o ingresso – confessa Joyce.

O resultado chegou logo na primeira tentativa e a família agora se prepara para lidar com a rotina cheia a partir do próximo ano. Isadora vai precisar conciliar as aulas de balé com o quinto ano do ensino fundamental, além das atividades da escola. Segundo a mãe, Isadora está disposta a investir nos estudos para um dia realizar o sonho de ser uma bailarina atuando na Europa.

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Isadora e Bruno começam a estudar em março no Bolshoi, em Joinville
Isadora e Bruno começam a estudar em março no Bolshoi, em Joinville (Foto: Patrick Rodrigues, A Notícia)

Sem experiência com balé e aprovado na 2ª tentativa

A turma dos meninos terá uma presença maior de joinvilenses a partir do próximo ano: dez dos 20 selecionados são da maior cidade do Estado. Entre eles, está Bruno de Mello Mudrak, de 10 anos, que foi aprovado após tentar uma vaga pela segunda vez. Em 2019, ficou entre os 50 finalistas, mas agora foi selecionado para começar o curso em março de 2022.

Segundo a mãe, Edegesneia Mello, a família ficou surpresa com a aprovação do menino porque ele nunca havia participado de aulas de dança, apesar de fazer outras atividades, como natação, futebol e também ter praticado karatê. O interesse pelo balé surgiu na escola, quando foi divulgada a seletiva para o curso do Bolshoi.

– Ele apareceu com o papel em casa e disse que queria fazer. Meu marido e eu não sabíamos que ele tinha esse interesse, mas apoiamos e incentivamos desde o início – conta a mãe.

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Bruno foi o único menino da escola em que estuda a realizar o teste para o Bolshoi e já precisou enfrentar o preconceito de colegas na sala de aula. No entanto, não desistiu e continuou a receber apoio dos pais, que acompanham de perto a situação e preparam o filho para enfrentar o problema, caso volte a acontecer.

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– Estamos conversando muito com ele para não desanimar. A gente sabe o que vem pela frente e que vai ser difícil, por ele ser menino e pelo preconceito. Desde o início, fomos trabalhando muito o psicológico dele, até porque sabíamos o quanto seria difícil ser aprovado, pela grandiosidade que é o Bolshoi – explica Edegesneia.

Bolshoi de Joinville é a única filial da escola fora da Rússia
Bolshoi de Joinville é a única filial da escola fora da Rússia (Foto: Patrick Rodrigues, A Notícia)

Expectativa para início das aulas

Foi a mãe que esteve presente com o filho durante os testes da seletiva e no momento da divulgação do resultado com os aprovados, na porta da Escola do Teatro Bolshoi. Ao ver o nome na lista, o menino abraçou Edegesneia e chorou de emoção. Agora, a expectativa é com o início das aulas e as conquistas que o Bolshoi pode proporcionar para o futuro.

– Era meu sonho passar e agora vou ter uma segunda família dentro do Bolshoi, vamos ser todos unidos. Espero um dia viajar por causa do balé e também aprender a falar russo – revela o menino.

Bruno, Isadora e os outros 38 aprovados na seletiva vão cursar os oito anos do curso de dança clássica gratuitamente, além de terem outros benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar.

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