Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram bastante afetadas pelo contexto da pandemia, principalmente porque, em sua maioria, precisam de uma rotina bastante estruturada para se desenvolverem. Com a necessidade de isolamento e distanciamento social, a suspensão das aulas e de outras atividades presenciais, muitas dessas crianças – e, consequentemente, suas famílias, precisaram encontrar maneiras de se readequarem à nova realidade. Nesse contexto, os exercícios físicos são um aliado de crianças e familiares, pois, além de todos os benefícios à saúde física e mental, promovem disciplina e integração.

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Praticar atividades físicas é uma maneira de fortalecer o sistema imunológico e de prevenir infecções por vírus, bactérias e outros micro-organismos causadores de patologias. No início da pandemia, uma das questões mais debatidas foi como manter a prática de exercícios físicos de forma segura. E estudos realizados pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e pela Federação Internacional de Natação (FINA) demonstraram que, em piscinas tratadas corretamente e respeitado o distanciamento, a natação e outros esportes aquáticos apresentam risco nulo de contágio.

A partir dessa necessidade, a Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, passou a oferecer aulas de estimulação aquática a turmas de crianças com Transtorno do Espectro Autista na piscina pública da Passarela Nego Quirido. As aulas são dadas por profissionais especializados e planejadas para envolverem, também, familiares ou responsáveis pelas crianças, favorecendo o desenvolvimento social e psicomotor.

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O projeto é pioneiro em Santa Catarina e foi possível graças a uma parceria entre a Prefeitura de Florianópolis, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, e o Projeto Estimular. Os encontros acontecem duas vezes por semana – sempre às terças e quintas-feiras, das 13h às 15h, com turmas de cinco alunos, respeitando os protocolos sanitários.

– Acreditamos que a prática de atividades esportivas e de lazer para crianças com Transtorno do Espectro Autista é uma excelente maneira de promover e estimular o desenvolvimento motor e psicológico dessas crianças e promover sua integração à cidade e à sociedade. Ao mesmo tempo, pretendemos romper barreiras e preconceitos, trabalhando pela inclusão social de todas as crianças e adultos com TEA – afirma Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis.

Se, por um lado, o autismo não tem cura, por outro, com terapias e atividades que estimulem as crianças desde cedo, é possível que elas sejam mais autônomas e que tenham melhores condições de se desenvolverem e mais qualidade de vida.

A estimulação aquática é um exemplo de atividades com inúmeros benefícios tanto para as crianças com TEA quanto para quem convive com elas. A terapia na aquática provoca estimulação sensorial, que ajuda a reduzir o estresse, e permite à criança organizar suas ações, relaxar, interagir com o ambiente e com as pessoas próximas. A água é, também, um meio que promove o desenvolvimento da coordenação motora fina, melhora o tônus muscular, o equilíbrio, desenvolve a lateralidade e a relação entre corpo e espaço, aumentando, assim, a harmonia de movimentos.

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A estimulação aquática é um exemplo de atividades com inúmeros benefícios tanto para as crianças com TEA quanto para quem convive com elas (Foto: Divulgação)

O autismo não tem cura, mas há maneiras de permitir que pessoas com TEA tenham mais autonomia e a qualidade de vida

O autismo não é considerado uma doença. Segundo especialistas, trata-se de uma condição que não se manifesta da mesma maneira em todas as pessoas, por isso, é indicado usar o termo “Transtorno do Espectro Autista” – que engloba pessoas e adultos com alguma desordem do desenvolvimento neurológico, como: Autismo Infantil Precoce, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e Síndrome de Asperger, entre outros.

Os primeiros indícios do TEA costumam aparecer até os dois anos de idade, e é importante que os pais ou responsáveis estejam atentos aos principais sinais, pois, quanto antes a criança começar a receber estímulos e tratamentos específicos, melhor será seu desenvolvimento cognitivo, motor, intelectual e psicossocial.

De maneira geral, crianças com TEA têm aversão ao toque, sentem-se incomodadas com determinados barulhos, choram excessivamente (aparentemente sem razão), não fazem contato visual, não expressam as emoções e fazem alguns movimentos repetidamente (como balançar a cabeça). Mas, como o espectro é bastante diverso, os sinais também são e nem sempre surgem da mesma maneira e com a mesma intensidade. Assim, é importante que os adultos percebam possíveis alterações de comportamento nos bebês / crianças e busquem orientação.

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Após reforma, piscina pública da Passarela Nego Quirido se torna mais um espaço de promoção do esporte em Florianópolis

A Piscina Pública de Florianópolis, que passou mais de dez anos abandonada, foi reformada e já está servindo como área de lazer e de prática para crianças e jovens de comunidades. Com o processo de revitalização, a piscina semiolímpica foi readequada, higienizada e recebeu quatro bombas de climatização para o aquecimento da água, que permitem seu uso inclusive no inverno. Seu entorno ganhou um espaço de convivência, e o local recebeu cobertura metálica, isolamento térmico e acústico, revestimento com Blindex nas laterais.

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O espaço passou mais de 10 anos abandonado (Foto: Divulgação)

– Boa vontade e esforço de toda a equipe bastaram para pôr em prática a ideia de fazer da piscina um espaço pioneiro de uso público. Os ganhos individuais e coletivos das atividades realizadas na piscina são imensuráveis – explica Ed Pereira, secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Florianópolis.

O secretário ressalta, ainda, que a integração entre as crianças é o melhor caminho para um futuro digno e para uma sociedade mais justa e humana.

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