Uma criança com deficiência teria sido agredida nua na creche em Florianópolis que é investigada por suspeita de maus-tratos. A dona do local teria punido o menino, que ainda se acostumava a não usar fraldas, por ele ter feito cocô enquanto dormia.

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O caso foi descrito por uma professora que atuou na creche em entrevista à NSC TV. Ela fez o relato na condição de anonimato. A defesa da creche nega irregularidades.

— A partir do momento em que ele [o menino agredido] foi desfraldado, piorou muito, porque ele não entendia nada do que as pessoas falavam. Ele não conseguia falar com a gente, então ele fazia muitas vezes na calça — disse a ex-funcionária.

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— Teve uma vez em que ele estava dormindo e, quando acordou, fez cocô dentro da sala onde estava dormindo. Eu lembro que ela, a dona do colégio, ficou totalmente fora de si. Ela levou ele para a rua, estendeu o lençol, acredito que para a câmera não pegar o que estava acontecendo, deixou ele pelado e bateu nele com chinelo — disse.

A professora afirmou ainda que a proprietária da creche jogava fora os remédios de outro aluno também com deficiência que deveria fazer uso contínuo deles. A criança ficava o tempo todo no celular, atrás da mesa da dona da unidade escolar.

Ela ainda reforçou uma denúncia já feita por outras ex-funcionárias da creche e pelos pais das crianças, de que o local ofertava pouca comida para as crianças.

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— A comida também era pouca, porque ela [dona] dizia que queria evitar o desperdício. Então era uma banana para três crianças, potes minúsculos de refeição. E nós, enquanto funcionárias, não podíamos fazer nada além de tentar proteger as crianças, de tentar passar a maior parte do tempo nas nossas salas — afirmou.

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O que diz a direção da creche

As primeiras denúncias sobre a creche, que vieram a público na segunda (4), foram acompanhadas de vídeos em que uma mulher aparece tentando abafar o choro de uma bebê com uma coberta. Sem conseguir acalmá-la, ela xinga a criança.

Já na ocasião, a defesa da creche negou a veracidade do vídeo, o que voltou a reforçar em novo posicionamento nesta terça (5).

No comunicado, diz ainda que não houve qualquer ato ilícito nas dependências da escola, que o local esteve em funcionamento desde 2016 sem receber reclamações e que a direção está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

Afirmou também que a creche sempre contou com cozinheira própria e acompanhamento nutricional para atender os alunos.

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O que dizem as autoridades

A Polícia Civil diz investigar o caso e que irá tomar depoimentos já nesta semana. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) afirma que também terá uma apuração própria, ao ter instaurado uma notícia de fato nesta terça.

O Conselho Tutelar informou que esteve na creche mais de uma vez, sendo a última em maio deste ano, mas não flagrou situações de maus-tratos nem crianças machucadas.

Ainda assim, o órgão disse ter advertido a proprietária em dezembro do ano passado para que não houvessem episódios de violência contra as crianças após ter recebido denúncia de uma outra ex-funcionária.

A Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis disse, em nota, que recebeu as denúncias e que faria uma visita protocolar ao local, ainda que já esteja fechado.

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O Conselho Municipal de Educação disse ter enviado ofício à pasta de educação no município para que haja o devido acompanhamento do caso. Ele pode ainda criar uma comissão própria para apurar as denúncias.