Paulo Borges e a moda se esbarraram e não se largaram mais. Com a bênção e o braço forte de Regina Guerreiro, uma das mais importantes editoras de moda do Brasil, ele começou a aprender sobre a área que se tornou seu ofício e criou, há 20 anos, o maior evento brasileiro da moda: o São Paulo Fashion Week.

Continua depois da publicidade

::: Clique aqui para acompanhar ao vivo o evento O Negócio da Moda

Hoje ele estará em Camboriú na conferência O Negócio da Moda, que começou ontem e segue até amanhã, para contar um pouco de sua história, falar da moda brasileira e de como esse mercado está (sempre) se reinventando. Nesta entrevista exclusiva para o Santa, Borges fala sobre o atual momento do setor e das transformações necessárias para seguir em frente. Confira:

::: Evento em Camboriú discute inovação na indústria da moda

De que maneira a crise econômica do país afeta as marcas de moda?

Continua depois da publicidade

Uma crise grave como esta afeta o mercado como um todo. Em todos os segmentos. O mercado de moda teve que se adaptar independentemente da crise econômica, pois a moda vive um momento de crises estruturais. Com o avanço da tecnologia, as marcas buscaram novos caminhos para não ficar engessadas, se inovaram, se reinventaram. A crise é uma oportunidade de você reorganizar as bússolas e é isso que estamos fazendo.

Como as empresas de moda sobrevivem a esses períodos de crise? De que forma elas se reinventam?

Nessa edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) o tema “trans” trouxe a mensagem de transformação que o cenário da moda está passando. No calendário de desfiles tivemos vários exercícios criativos e manifestos dos designers. Foram lançadas coleções resultado da colaboração entre estilistas como Just Kids e Projeto Nohda, a À La Garçonne (do estilista Alexandre Herchcovitch) propôs um formato de upcycling e colaboração entre marcas que foi muito bem recebido e muitas marcas já passaram a vender peças imediatamente após a apresentação na passarela, dentro da dinâmica “see now, buy now”. O SPFW foi a primeira semana de moda a aderir ao modelo como plataforma. No exterior o que existe são ainda iniciativas isoladas de algumas marcas.

O que mudou na relação entre o público e a moda nos últimos 20 anos, desde que você começou a SPFW? As empresas acompanharam essas mudanças?

Talvez estejamos vivendo a maior de todas as mudanças dos últimos 50 anos na moda. Há 20 anos o desfile era para a imprensa e compradores. O consumidor não participava deste momento, mas nos últimos anos ele passou a ser protagonista nesta relação, interagir com todo processo. Estamos trabalhando em conjunto para que todos evoluam juntos. Com o avanço da internet no Brasil e no mundo o mercado teve que se adaptar para não deixar o desejo do consumidor cair.

Continua depois da publicidade

As novas marcas precisam nascer com outro pensamento em relação a produção e consumo de moda?

Ao criar uma marca, uma coleção, a equipe responsável pelo desenvolvimento deve fazer uma pesquisa extremamente elaborada para saber o público que quer alcançar, entre outros pontos. E de quais maneiras chegar neste público. O que as marcas estão fazendo (e devem continuar) é procurar conhecer o que pensa e o que deseja o consumidor, o que ele quer hoje. A história por trás do produto, as inovações, que são fundamentais para o resultado.

Você acha que falta valorização de determinadas mãos de obra na moda – como das costureiras, por exemplo?

Temos insistido nisso há anos. Não é de hoje que perdemos o foco em dar o devido valor à mão de obra qualificada e a grande maioria dos cursos de moda formam estilistas, mas não pensam na cadeia como um todo. Temos uma diversidade criativa muito rica, não só cultural, como de produto. Nossa capacidade no fazer, criar, estampar, colorir, enfim, é imensa. Tudo isso dá à nossa moda uma forma muito própria e ainda muito pouco valorizada e utilizada. Tudo isso bem cuidado pode gerar uma riqueza de construção e desenvolvimento do país como ainda não foi visto.

Qual é, de fato, o negócio da moda hoje? Ainda é consumo ou existe um pensamento de consciência – mercadológica, sustentável, cultural – embutido no que é produzido?

Continua depois da publicidade

Claro que vivemos um momento de grandes transformações que passa pela forma de criar, produzir, consumir. A moda não é só consumo, ela é uma expressão de arte, criatividade, desenvolvimento, história, cultura, beleza e diversas outras frentes em uma só. Com certeza estamos adquirindo novos hábitos, e isso passa por um consumo mais consciente.

SERVIÇO

O Negócio da Moda

Hoje e amanhã

Local: Maria’s Shows e Eventos

Endereço: Av. Rio Mamoré, 1083 – Bairro Rio Pequeno, Camboriú – SC, 88340-000

Contato: (47) 3350-6788 | WhatsApp (47) 9645-4329

Informações e ingressos: ondm.com.br