O professor Masaaki Imai, que atuou anos na Toyota (Japão), criou o método Kaizen de melhoria contínua nas organizações. Ele fez palestra nesta sexta-feira na UniSociesc, em Joinville, e explicou a necessidade de as organizações utilizarem mecanismos do Kaizen como forma de eliminarem desperdícios e serem mais competitivas.

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A utilização do Kaizen requer participação de todos os níveis hierárquicos, o que, segundo Imai, exige que os executivos conheçam o chão de fábrica.

Nascido em Tóquio, o professor se graduou em relações internacionais pela universidade da capital japonesa. Promoveu diversas missões do país aos EUA, para completar a formação de executivos.

Fundou a Cambridge Corp., em 1962, da qual foi consultor. Em 1986, fundou o Kaizen Institute, em Austin, (Texas, EUA), para ajudar a introduzir os conceitos no ocidente. É autor de nove livros sobre o tema e tópicos relacionados à administração que serviram de base para empresas aplicarem a filosofia.

COMPROMETIMENTO

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– A questão cultural não dificulta a implementação do Kaizen. É uma forma de melhorar o trabalho, seja na fábrica, na área administrativa, no supermercado, ou no hospital. Ajuda a solidificar a cultura existente. Mas é evidente que existem resistências quando falamos que o processo pode ser melhorado e pode ser feito de uma maneira mais simples. O que encontramos pela frente são pessoas e empresas que cresceram e se desenvolveram dentro de um paradigma onde o desperdício e a falta de disciplina não são atributos importantes para o dia a dia.

EMPRESAS PERENES

– Temos uma frase que resumo o que fazemos todos os dias: Kaizen é o caminho que nos conduz ao lean, e lean que nos leva a ser green (sustentabilidade).

LIÇÃO DA TOYOTA

– O que a Toyota tem a nos ensinar é: vá ao local de trabalho, veja a realidade. Faça simples, comece pelo básico e tenha muita disciplina. E nunca desista!

MERA TECNOLOGIA

– No processo de desenvolvimento dos negócios, a tecnologia é fundamental. O que devemos ter muito cuidado é o uso da tecnologia só pela tecnologia. Aplicando-a sem que haja uma análise adequada e onde realmente deve ser utilizada. O Kaizen olha a aplicação dela, onde é essencial, e não apenas uma novidade.

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SEM ERROS

– A qualidade é base para qualquer empresa, mas é um fator ao qual sempre precisamos estar atentos. Caso contrário, podemos perder esse diferencial. Temos ainda que analisar qual é o custo deste “zero” defeito, pois aí pode estar uma oportunidade de fazer Kaizen.

REALIDADE

– Praticamente em todas as organizações, o que se vê são gestores de topo, que quase nunca vão ao gemba (chão de fábrica) e, logo, não conhecem a realidade de suas operações. Conhecer a realidade das operações não é ter todos os relatórios em sua mesa, mas conhecer como o trabalho é executado e, aí, poder falar com propriedade. O executivo precisa ser capaz de fazer mais com menos recursos, aplicando continuamente o Kaizen. Kaizen não é investir em mudanças, mas investir nas pessoas de todos os níveis da organização.

TOLERÂNCIA ZERO

– O Kaizen surgiu no meio empresarial na Toyota, como forma de eliminar os desperdícios nos processos, melhorando a forma de executar o trabalho com envolvimento de todos os funcionários, do diretor ao operador.

O Kaizen faz com que as organizações olhem seus processos com outros óculos, procurando o desperdício e eliminando-os constantemente. Traz a “tolerância zero” para com o desperdício e senso de urgência para eliminá-lo. Transforma o gemba (local de trabalho das pessoas) em centro que os gestores têm que visitar todos os dias como forma de treinar os seus liderados, para que possam melhorar continuamente.

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A DEFINIÇÃO

– O Kaizen tem como definição melhorar todos os dias, por todas as pessoas e em todos os lugares. Isso exige um tremendo desafio empresarial, bem como fazer todo dia melhor que ontem. O jovens de hoje procuram isso: desafio, mudanças contínuas e credibilidade em seu trabalho.

O SUCESSO

– O sucesso da aplicação do Kaizen não depende do país, mas das empresas. Os EUA têm excelentes casos de aplicação dele e do just in time, bem como temos clientes no Brasil com igual performance na aplicação dos conceitos.

O FUTURO DOS NEGÓCIOS

– O futuro dos negócios, sem dúvida, está nas empresas que aplicam cada vez mais o conhecimento para transformar os seus produtos e serviços em satisfação para os clientes.

SEM CULPADOS

– O Kaizen é um trabalho de todos, do gestor, líder e operacionais. Um dos fundamentos do Kaizen é “não culpar e não julgar”. Se não conseguimos o melhor resultado agora, significa que precisamos trabalhar mais para alcançar um resultado melhor no próximo momento.

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TOYOTA

– Quando a Toyota iniciou o processo de eliminação dos mudas (desperdícios), por meio do Kaizen, só tinha esse caminho para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Os outros modelos existentes na época, e que são aplicados até hoje, têm um custo muito mais alto.

EMPRESAS COMPETITIVAS

– As empresas precisam aplicar os conceitos da melhoria contínua também nas suas estratégias de negócio e no desenvolvimento de novos produtos e serviços para que estejam sempre preparadas para competir onde for preciso.