Luiz Guilherme não estará em Florianópolis para ver o nascimento da filha Yasmin, em janeiro. Aos 19 anos, o atacante criado no Morro do Mocotó está realizando um sonho de infância: assinar contrato com um time de futebol profissional. O manezinho viajou nesta segunda-feira (05) para Macaé e lá irá disputar o Campeonato Carioca no ano que vem.

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— É a primeira vez que isso está acontecendo, mas são barreiras que vamos ser obrigados a enfrentar para ele chegar no grande desejo dele e para o futuro da nossa filha. E se precisar, eu largo o que tenho aqui, serviço, família. Foi o que eu escolhi desde o início — garante a mulher do atleta, Natali Aparecida Fernandez, que trabalha como secretária e também tem 19 anos.

O Campeonato Carioca será uma grande vitrine para Luiz Guilherme Selusniaki. Com 1,87 de altura e o olhar sempre sério, que lembra até o Adriano Imperador, ele sabe a responsabilidade que terá com a grande chance na carreira até aqui. Desde os 9 anos, o moleque está envolvido com o futebol. Aos 13, iniciou a trajetória nas categorias de base do Avaí.

Em 2013, após um período de testes no Internacional de Porto Alegre, foi levado para atuar no Fragata, time formador de atletas do ex-volante da Seleção Brasileira e do Grêmio Emerson, sediado em Pelotas. No ano seguinte, foi um dos destaques da equipe na Copa Promissão de Futebol Sub-17, disputada no interior de São Paulo.

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Os dirigentes do Macaé nem viram pessoalmente o futebol de Guilherme. O contrato, já assinado, veio pelos Correios. Eles se encantaram com os vídeos feitos na época do Fragata, o famoso DVD. O contato foi através de um empresário que procurou um primo do atleta, dono de uma escolinha de futebol. É contrato curto, somente para o Carioca. Caso seja renovado, o atacante pode jogar a Série C do Brasileirão. Antes disso, terá a chance de mostrar todo seu talento, inclusive no templo do futebol, o Maracanã.

— Vai ser difícil não estar lá quando a Yasmin nascer, mas eu estou fazendo isso para o futuro delas, minha mulher, minha filha e a minha mãe. Eu tinha desistido do sonho de ser jogador quando rompi o ligamento, e elas me apoiaram, arrumaram cirurgia, fisioterapia e não me deixaram desistir — lembra o atleta.

A mãe, a empregada doméstica Andrea Selusniaki, está com o coração na mão, mas contente. Ela diz que sabe bem o que a nora vai passar.

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— Desde pequeno, era o Guilherme viajando sem dinheiro, e eu me virando para mandar coisas pra ele. Vai ter horas que é deitar na cama e chorar. Eu chorava muito quando ele ligava e dizia que precisava de alguma coisa — avisa a sogra.

Dona Andrea hoje mora no Morro da Queimada, numa casa popular daquelas coloridas. Está ansiosa pra ver um jogo do filho na TV, contra Flamengo ou Fluminense, quem sabe. A rua está sempre lotada de criança jogando bola. Quando Guilherme vai visitar a mãe, bate uma nostalgia.

— Sempre que vejo essa molecada ou vou na escolinha, eu olho e penso ‘há pouco tempo eu estava ali’. Não sei nem o que pensar, mas eu sempre falo para eles nunca desistirem do sonho. Eu ainda não me sinto realizado, tenho muita coisa pra fazer. Mas dentro de campo, quem faz somos nós — aconselha o mais jovem atacante do Macaé.

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