Uma palavra amiga, uma orientação em meio ao caos da perda de uma pessoa querida ou depois do susto de um acidente de trânsito fazem diferença para o recomeço. Para sanar as dúvidas e amenizar as dores provocadas por acidentes, o Instituto Paz no Trânsito (Iptran) foi criado há três meses em Joinville.

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias sobre Joinville e região no AN.com.br

O Iptran oferece atendimentos jurídico, terapêutico, assistência social e encaminhamento a fisioterapia para familiares que perderam um parente em acidente de trânsito ou a própria vítima que ficou com alguma sequela. Fundado em maio deste ano, o Iptran já atendeu a 80 pessoas. Em média, são 20 atendimentos por semana.

De acordo com a psicóloga Jéssica Reinert, a equipe conta também com uma assistente social e três advogados voluntários. Além desses atendimentos, em breve, serão oferecidas aulas de relaxamento e artesanato por professores voluntários. O Iptran tem capacidade para atender a cem pessoas de forma contínua. E o melhor: todos os serviços são gratuitos.

Continua depois da publicidade

Uma das pacientes do Iptran é Juliane de Lara, 34 anos, que perdeu o irmão em um acidente de carro em União da Vitória, no Paraná, há dois anos. Juliane ainda se emociona ao relembrar da ligação que recebeu da mãe avisando da tragédia.

Ela conta que o choro diminuiu com as sessões de terapia que faz desde que o Iptran foi fundado. Os encontros são semanais, e falar, segundo ela, alivia a dor.

– Estou mais leve, noto que choro menos. Antes, pensava que ninguém poderia me ajudar. Agora, sei que posso contar com um atendimento especializado. Externar minhas emoções aqui me ajuda a conviver melhor com as pessoas no meu dia a dia – revela.

Continua depois da publicidade

Número de mortes no trânsito assusta

O número de mortes no trânsito em Joinville assusta. Segundo dados do Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes da Secretaria de Saúde, neste ano, foram 113 mortes. No ano passado, 163 pessoas perderam a vida.

Entre as vítimas de acidentes fatais está a mulher do voluntário do Iptran Adalberto Hoepfner, 52 anos. Maria Cristina Tavares foi atingida por um carro no dia 15 de dezembro de 2014, às 11h45. Data e horário que ficarão para sempre registrados na mente de Hoepfner.

Ele conta que tinha se despedido da mulher, uma hora antes do acidente, e ainda perguntou se ela gostaria que ele fosse buscar a filha de cinco anos. Maria Cristina e a menina foram atropeladas enquanto atravessavam uma faixa de pedestres em frente ao Centro de Educação Infantil Botãozinho de Rosa, na rua Guanabara, zona Sul de Joinville. Maria Cristina morreu na hora e a criança foi levada às pressas para o hospital.

Continua depois da publicidade

– Perdi minha esposa, que tinha apenas 39 anos. Minha menina fez uma cirurgia para tirar o baço e, graças a Deus, sobreviveu. Mas a dor da perda inesperada com as dúvidas do que fazer em uma situação dessas me impulsionou a ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação – comenta.

Adalberto ajuda na divulgação dos serviços do Iptran e faz palestras no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) e futuramente nas empresas. A divulgação é feita nos postos de saúde, unidades básicas de saúde, hospitais, delegacias e igrejas.

O Iptran e o Juizado Especial Criminal e Delitos de Trânsito de Joinville firmaram um convênio de dois anos, que pode ser prorrogado. Por meio do acordo, serão repassados R$ 250 mil anualmente para o instituto pagar o salário dos funcionários, o aluguel da sede e a manutenção da estrutura. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 19 horas. A unidade fica na rua Padre Kolb, 645, no bairro Bucarein – telefone: 3033-3397.

Continua depois da publicidade

*Priscila Andreza é estudante de jornalismo e faz estágio em “AN”.