Em meio ao crescimento econômico das últimas décadas, as construções que contam a sesquicentenária história de Itajaí perdem cada vez mais espaço na paisagem dominada por arranha-céus. Para evitar que essas memórias vivas não passem de lembranças no futuro – e atendendo a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público, a prefeitura criou em abril deste ano o Fundo de Proteção ao Patrimônio Histórico (Fumpac).

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Quatro meses após a implantação, porém, o projeto ainda não recebeu nenhuma verba, e o financiamento das ações de preservação dos bens tombados segue distante da realidade.

Segundo a Fundação Genésio Miranda Lins, responsável pelo patrimônio da cidade, é preciso encontrar as fontes de recursos para reverter ao Fundo. O órgão é administrado pela superintendente da Fundação, Antônio Carlos Floriano, e segue as diretrizes do Conselho do Patrimônio Cultural, mas a ideia é que os valores não venham apenas do poder público. Uma alternativa apontada é aplicar verbas de multas contra o patrimônio, de TACs e de compensações, entre outras possibilidades.

– O Fundo ainda não recebeu depósitos, mas vamos trabalhar para isso. Agora tem que ser definido de onde vem o recurso, porque só da prefeitura não dá – afirma Floriano.

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Desgaste

Os dois prédios que mais sofrem com o desgaste do tempo são a Casa Bauer e a antiga Fiscalização dos Portos de Itajaí. No primeiro caso o problema é, conforme a Fundação Genésio, característico das construções históricas particulares: falta de interesse em razão da falta de incentivo. Apenas com a isenção do IPTU como benefício para quem conserva os imóveis, a avaliação é de que os proprietário não veem o apoio como satisfatório.

– Temos que aprofundar as isenções para que o dono se sinta favorecido quanto a preservar o patrimônio. O imóvel público ainda tem o dinheiro da comunidade, dos impostos, mas o particular é mais difícil. E é tudo muito lento nesse processo de incentivo e conservação, mas o problema é que o tempo não é lento – comenta Antônio Carlos Floriano.

Já a Fiscalização dos Portos ainda aguarda definições do Complexo Portuário de Itajaí. A empresa contratada para fazer o laudo sobre as condições reais do prédio pediu mais tempo para entregar o documento. O novo prazo é o fim deste mês, e o parecer vai indicar a possibilidade ou não de destombamento do imóvel, tombado pelo Patrimônio Histórico municipal e estadual. A construção pode ser derrubada para dar espaço à ampliação dos berços de atracação do Porto de Itajaí.

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Bens tombados em Itajaí

Em boas condições

l Casa Malburg, onde funciona a Receita Federal

l Casa Burghardt, onde funciona a Fundação Cultural

l Casa Konder

l Mercado Público

l Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento

l Fábrica Renaux, onde funciona a Biblioteca Pública Municipal

l Casa Lins, onde funciona o Arquivo Público

l Grupo Escolar Victor Meirelles, onde funciona a Casa da Cultura Dide Brandão

l Estação Ferroviária Engenheiro Vereza, onde funciona o Museu Etno-Arqueológico

l Hotel Rota do Mar

l Figueira do Colégio São José

l Palmeiras da Rua José Gall

Em condições regulares

l Casa Almeida e Voigt

l Palácio Marcos Konder, onde funciona o Museu Histórico

l Capela Santa Terezinha

l Sociedade Sebastião Lucas

l Igreja da Imaculada Conceição

Em más condições

l Antiga Fiscalização dos Portos

l Casa Bauer

Fonte: Fundação Genésio Miranda Lins