O Brasil, que cresceu 5,1% em 2008 e previa, até pouco tempo, alta de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, está rapidamente se adaptando à nova realidade recessiva da economia mundial, segundo Shelly Shetty, diretora sênior da agência de risco Fitch, com sede em Nova York.

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De acordo com a analista, o crescimento zero previsto para o país no relatório da agência divulgado nesta semana é possível apenas na “melhor das hipóteses”. Para Shelly, a forte queda do PIB brasileiro no 4º trimestre do ano passado – retração de 3,6% – mostrou que a economia nacional já sofre fortemente com os sintomas da crise mundial.

A diretora da Fitch afirma que a contração no 4º trimestre chegou a setores-chave da economia brasileira, afetada pela redução de preços das commodities (que ainda dominam a pauta de exportações brasileira), pela restrição ao crédito, pelo aumento da desconfiança do consumidor e pela desaceleração do setor industrial.

Por isso, explica a analista, o Brasil, apesar de ser uma economia de maior porte, não tem melhores perspectivas que as demais na América Latina. Ela explica que a retração econômica média de 0,9% esperada para os países latino-americanos está relacionada ao resultado do México, que deve ter contração de 2,5%, e não a uma melhor situação do Brasil.

Embora seja difícil estabelecer quando a economia vá atingir o “fundo do poço”, a analista diz que espera-se que isso ocorra ainda em 2009, com recuperação projetada no segundo semestre do ano e em 2010.

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– Os países desenvolvidos dependem de uma gradual estabilização dos mercados financeiros e de crédito, além do efeito dos incentivos fiscais, para uma recuperação – ressalta.

O efeito das ajudas governamentais nas economias desenvolvidas – como os pacotes de ajuda anunciados pelo governo americano, já na casa dos trilhões de dólares – é essencial também para a recuperação de países em desenvolvimento como o Brasil. Shelly diz que é impossível separar as economias do mundo em entidades não-relacionadas.

O mais recente relatório da Fitch aponta que três países latino-americanos – Venezuela, Argentina e Equador, classificados como “de esquerda” pela agência – podem sofrer de forma mais pronunciada com a crise por conta de políticas intervencionistas. As informações são do site G1.