O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje, em Curitiba, considerar “errada” a projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de que haverá crescimento zero do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
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– Tive uma conversa informal com o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central) e falei para ele que o pessoal está com uma visão muito pessimista. Ele concordou e já brincou comigo: “Pode cravar que vai dar 2%”. Pode dar um pouco mais ou um pouco menos, mas pode cravar que crescimento zero é absolutamente fora de cogitações – disse.
A CNI tinha feito uma previsão de crescimento de 2,4% em dezembro passado. Com a nova perspectiva, o país estaria em estagnação.
– Tem parte muito grande dos analistas econômicos focada na Bolsa de Valores, que é balizada por Nova York, por Tóquio, por Londres, não pela economia real – argumentou o ministro do Planejamento. – Quando se olham os dados da economia, vê-se o crédito restabelecido, empregos que começam a ter reversão, os investimentos continuam e os investimentos externos no Brasil, em março, vão dar US$ 2,5 bilhões. O mundo inteiro retraindo e nós estamos atraindo investimentos externos.
Ele apresentou ainda estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo a entidade, a construção de 1 milhão de casas tem potencial para promover crescimento econômico de 0,7 ponto percentual e de gerar 532 mil empregos.
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– De forma alguma trabalhamos com essa visão colocada aí (pela CNI). O pessoal olha muito para fora.
Em discurso no 9º Encontro das Empresas Conveniadas à Universidade Positivo, ele disse ter lido que o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), teria criticado o governo federal por estar combatendo a crise com doses homeopáticas. “Mas é um trabalho de cirurgia”, acentuou Bernardo. “Se for feito com facão, vai causar estragos ao paciente, por isso é melhor fazer com bisturi, devagarinho.”
Crédito nos bancos pequenos
O ministro disse que o governo federal está “apostando” que os bancos pequenos e médios realmente voltarão a emprestar dinheiro com as medidas adotadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para facilitar a captação de recursos.
– Não podemos obrigar os bancos (a promover os empréstimos), nem o Banco do Brasil e a Caixa Econômica a gente consegue obrigar quanto mais os particulares – afirmou.
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Mas, segundo ele, todas as medidas visam a que o crédito seja concedido:
– O banco vive para fazer operações financeiras, quem apostar que vai ficar encostado na Selic vai errar, pois a taxa Selic está diminuindo muito. Só este ano diminuiu 2,5 pontos percentuais e a tendência é o sistema apostar que tem que emprestar, que tem de tirar dinheiro nas operações de crédito com os clientes.