Se Blumenau teve um ano atípico de calor, com a temperatura chegando a 41,6ºC no dia 3 de janeiro, o município também registrou crescimento preocupante no número de mortes por afogamento. Com mais pessoas procurando lugares para se refrescar, o número de óbitos em água doce teve aumento considerável desde 2017, quando apenas um caso foi registrado, subindo para três em 2018 e nove em 2019.
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Apesar de não indicar relação direta entre o recorde de temperatura no município desde 2014 e o aumento no número de afogamentos, o Corpo de Bombeiros reconhece que o calor atrai mais moradores para os rios e cachoeiras de Blumenau. Entretanto, não há nenhum local para banho no município que tenha cobertura de guarda-vidas, o que favorece o risco de acidentes.
O tenente Fillipi Pamplona alega que o Corpo de Bombeiros não tem efetivo ou recursos para montar postos de cobertura ao longo de todos os rios e balneários. Ele explica que o acompanhamento em Blumenau é ainda mais difícil porque os afogamentos ocorrem em muitos locais distintos.
— A questão é mais complicada do que colocar guarda-vidas onde ocorreram afogamentos. Por conta da vegetação e do relevo, muitas vezes não é possível ver o curso d’água a uma distância de 50 metros, o que torna impossível fazer uma cobertura preventiva total nesses locais, até porque os afogamentos ocorrem em pontos diferentes do mesmo rio ou ribeirão.
No Vale do Itajaí, o único local aberto com posto de guarda-vidas é a barragem de Rio dos Cedros. Também há presença desses profissionais em clubes e parques aquáticos, já que a lei obriga a presença de um guardião de piscina em todos os locais que exploram o local de banho, onde o guarda-vidas pode fazer o resgate de forma rápida.
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Resgate de vítimas também aumentou
O número de mortes poderia ser ainda maior se os bombeiros não tivessem resgatado mais vítimas nos últimos anos. Em 2017, a equipe do 3º Batalhão dos Bombeiros Militar, que atende 14 municípios do Médio Vale do Itajaí, salvou 10 pessoas após afogamento, enquanto registrou uma morte — que ocorreu em Blumenau.
O número de vítimas de afogamento que foram salvas aumentou para 14 em 2018 e 20 em 2019, considerando os dados do Corpo de Bombeiros até o dia 2 de dezembro. Enquanto isso, o número de mortes na região de cobertura do batalhão foi de cinco no ano passado e 12 neste ano, considerando os dados até 2 de dezembro.

Bombeiros criam ações de prevenção em Blumenau
Pamplona admite que a situação é preocupante, já que as pessoas nadam por conta própria em locais onde não há cobertura e o Corpo de Bombeiros não consegue estar "em todos os lugares a todo tempo". Pensando nisso, os bombeiros instalaram sete placas de alerta para os riscos de afogamento em rios de Blumenau.
Os locais escolhidos foram os pontos onde há histórico de afogamentos. A lista inclui duas placas próximo à Rua Elsbeth Feddersen, no Salto do Norte, no local conhecido como "Garganta do Diabo". Outro local com o mesmo nome, mas no bairro Nova Rússia, onde dois jovens morreram afogados no mês passado, também terá uma placa de alerta.
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A placa tem uma faixa em preto e alerta para o risco de morte que há no local, seja por conta da profundidade desconhecida ou pela forte correnteza da água. Além disso, orienta que os banhistas liguem para o 193 e tentem alcançar objetos flutuantes no caso de alguma pessoa precisar de socorro.
— Se a gente não der uma mensagem veemente, a placa não vai chamar atenção. A pessoa tem que entender que, embora aquilo faça parte do cotidiano, há um risco que deve ser levado em consideração antes de entrar na água. Sabemos que há bastante volume de pessoas nesses locais, então vamos tentar prevenir.