Neste ano, quem pretendia ingressar no ensino superior em Joinville tinha pelo menos 10.237 chances em cursos de graduação e mais de 6.688 em cursos de pós-graduação presenciais. Movida pela competitividade no mercado de trabalho e a instituição de políticas públicas de incentivo à expansão do ensino superior, a oferta de vagas em faculdades e universidades cresceu em número e pluralidade desde 2011.

Continua depois da publicidade

Há seis anos, havia à disposição 121 cursos de graduação em 12 instituições de ensino superior, número que agora chega a 165 em 13 faculdades. O aumento é percebido, principalmente, nas propostas para pós-graduação. Enquanto a graduação chegou a sofrer uma retração no número de vagas neste período — eram 13.155, em 2011 —, a pós-graduação está em constante ascensão.

Em 2017, o ano letivo começou com pelo menos 277 opções de cursos presenciais oferecidos por instituições públicas e particulares e deve terminar com um incremento: além das faculdades e universidades já instaladas em Joinville, a Universidade Positivo, do Paraná, lançou 35 novos cursos na cidade.

No início desta semana, a Universidade Prebisteriana Mackenzie, de São Paulo, também anunciou cursos de pós-graduação com abertura de turmas no segundo semestre. Com as novas opções, o perfil econômico da cidade também começa a registrar as mudanças, já que as novas alternativas ultrapassam a formação em áreas tradicionais ou voltadas para a indústria.

— Entramos na era do conhecimento, pois, com as mudanças ambientais, sociais, culturais, econômicas e políticas, as organizações têm que sair do modelo tradicional para a organização por conhecimento. Com isto, vem a competitividade, e as relações do trabalho e do consumidor têm que desenvolver novas competências e tendências do mercado — avalia a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional de Santa Catarina (ABRH-SC), Tetê Barbeta.

Continua depois da publicidade

Entre as opções que Joinville passou a oferecer recentemente estão cursos de graduação e pós-graduação em áreas como design, moda, estética, gastronomia, comunicação e novas tecnologias. São apostas que foram estudadas e planejadas após o reconhecimento da demanda na região, principalmente para cursar humanidades e artes, porque era necessário mudar para outras cidades, ou viajar com frequência, no caso dos cursos de pós-graduação.

O aumento e a diversidade são vistos principalmente nas instituições de ensino particulares, ainda que a Universidade Federal, o Instituto Federal e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) também estejam oferecendo mais opções e vagas do que no início desta década. A cidade acompanha a expansão do País: nos últimos 13 anos, o número de instituições de ensino superior brasileiras teve um crescimento de 108,2% nas instituições privadas e 71% nas públicas.

Potencial da cidade atrai instituições e profissionais

Segundo o pró-reitor de pós-graduação e educação continuada da Universidade Positivo, Manoel Knopfholz, o potencial de mercado e a proximidade geográfica garantiram que Joinville fosse o primeiro município catarinense a receber os cursos presenciais da instituição nascida em Curitiba, depois de sua expansão para cidades do Paraná e de São Paulo. Haverá aproveitamento dos professores da cidade-sede, mas a intenção é dispor também de profissionais de Joinville à frente das disciplinas para, com isso, absorver a metologia de ensino ao mesmo tempo que utiliza conteúdos e exemplos locais.

A Mackenzie, que, por meio de empresa de consultoria joinvilense com quem assinou contrato para criar parcerias na cidade, afirmou ter interesse em oferecer 30 cursos de pós-graduação lato sensu, deve enviar professores e coordenadores que atuam no campus da universidade em São Paulo. Além dos cursos clássicos em gestão, estratégia e negócios, serão ofertados cursos em direito, engenharia e tecnologia, arquitetura e design, psicologia aplicada e tecnologia da informação.

Continua depois da publicidade

Com o mesmo objetivo de expansão, a UniSociesc (transformada em centro universitário em 2013 e incorporada pela Anima Educação, de Minas Gerais, em 2015) passou a oferecer 124 cursos, entre graduação, especialização, mestrado e doutorado, divididos em seus dois campi. Ainda que tenha sua origem em uma instituição de ensino com foco nos cursos de tecnologia, em 2017 a instituição deu início à área de humanas e biológicas. – Apesar do DNA industrial, Joinville está crescendo e precisa de novos profissionais para a oferta de serviços – analisa o diretor de marketing da UniSociesc, Flávio Janones.

Mercado de trabalho em transformação

O entendimento da pós-graduação como fator de crescimento profissional é um dos grandes motivos para a ampliação da oferta em Joinville. Segundo Janones, há estudantes que, após a graduação, retornam a cada três ou quatro anos para um novo curso por perceberem que o mercado de trabalho requer requalificação constante. Em geral, os formados na área de gestão querem pós-graduação para adquirir conhecimento tecnológico e, da mesma forma, quem já possui graduação em engenharia, por exemplo, se matricula para aprender sobre gestão.

— É uma forma de buscar atualização, mas não só teórica. Os profissionais aproveitam a pós-graduação para ampliar o networking — diz Flávio Janones.

Além disso, as instituições de ensino superior precisam estar atentas às transformações da economia e da tecnologia. Em Joinville, há oferta de cursos que, há dez anos, seriam impensáveis por tratarem de profissões ou formas de trabalho que ainda não existiam, como MBA em criação e gestão de startups, especialização em game design e pós-graduação em mídias digitais.

Continua depois da publicidade

— Estas profissões continuarão evoluindo e se fazendo necessárias em função da popularização das cidades e seus serviços, seus produtos — analisa Tetê Barbeta.

Segundo ela, ser especialista e qualificado na sua de atuação é o que dará sustentação às organizações e à empregabilidade.