Os recentes acidentes registrados na SC-418 e Serra Dona Francisca, em Joinville, voltaram a mobilizar nesta semana entidades e lideranças da região em prol da revitalização da estrada. Somente este ano, a rodovia já contabiliza mais de 250 acidentes, que deixaram ao menos uma centena de feridos e 11 mortos.
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Lançada em abril de 2017, a campanha regional que cobra a Revitalização da Serra Dona Francisca é liderada pelas associações empresariais de Joinville, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Campo Alegre e Mafra, e que busca mais do que ações consideradas paliativas, como a barreira de contenção de terra erguida pela Secretaria de Infraestrutura desde o último sábado (28).
A intervenção foi feita depois de uma série de acidentes nos últimos dias na primeira e mais crítica curva da Serra, no Km 16, dentre eles o que matou o neurologista Norberto Cabral e outro que deixou um casal de idosos à mercê de socorro por pelo menos 15 horas em uma ribanceira de 150 metros.
Em uma terceira ocorrência, houve o tombamento de uma carreta carregada com nitrogênio líquido, bloqueando a pista por 14 horas para remoção do produto em decorrência do risco de explosão. O fato rescendeu o alerta do perigo de acidentes com veículos de transporte de cargas perigosas no local.
— As reivindicações são antigas e até já parecem simples de se fazer do tanto que a gente bate na mesma tecla. Um ponto importante, por exemplo, são os acidentes que acontecem no período noturno, muito das causas pode ser devido à falta de iluminação. A Serra já é perigosa e com neblina à noite, essa falta de iluminação, pintura de faixas e sinalização de placas prejudica (a visibilidade do motorista). Na 1ª curva também precisa uma interdição urgente e que tenha como foco reduzir a velocidade dos caminhões e dos carros, como um radar eletrônico ou em último caso fazer uma lombada física, não apenas um talude de terra — defende Jonathan Linzmeyer, líder a campanha pela revitalização.
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O empresário participa da mobilização desde os tempos em que era presidente da Associação Empresarial de São Bento do Sul (Acisbs), e considera que de lá para cá pouco foi feito. Segundo ele, o tema já foi levado ao conhecimento dos ex-governos e também do atual Governo de Santa Catarina, além disso, ofícios foram remetidos à Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e para secretários estaduais em busca de apoio político e institucional.
Para ele, é necessário que as autoridades da região e a população se engajem e voltem a discutir o assunto de forma ampla.
— A Secretaria de Infraestrutura está fazendo uma manutenção paliativa, mas não tem nada de concreto e, se antes tínhamos a "curva da morte", agora temos a "serra da morte" a nível Brasil. A gente sabe que a maioria dos acidentes não é só culpa da estrada; é uma soma de estrada com más condições e um pouco de imprudência dos motoristas. Então tudo isso acaba se somando e é responsável por gerar cada vez mais acidentes e cada vez mais mortes. A Serra está abandonada e temos que pensar em medidas diferentes e concretas para mudar essa situação — ressalta.
Os recentes acontecimentos também chamaram a atenção do Conselho Comunitário de Segurança de Pirabeiraba (Conseg), que realizou uma reunião no Colégio Olavo Bilac nesta quinta-feira (3). O objetivo era o de cobrar medidas urgentes relacionadas à rodovia aos poderes Executivo e Legislativo do Município e do Estado.
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"Historicamente a Serra Dona Francisca e a SC-418 têm sido palcos rotineiros de tragédias. Na última semana, além de mortes e vários acidentes, aconteceu aquilo que há muito tempo estamos alertando: o tombamento de um caminhão-tanque na Serra Dona Francisca. Felizmente o pior não ocorreu, mas todos nós sabemos que se tivesse ocorrido, Joinville seria atingida imediatamente e as consequências e os prejuízos de uma tragédia como essa são incalculáveis", apontou o Conseg, em comunicado.
Contraponto

Questionado pela reportagem da NSC quanto a revitalização da SC-418, o Governo de Santa Catarina informou que a manutenção na Serra Dona Francisca é feita constantemente com serviços de roçadas, limpeza de canaletas, ajustes de placas e a operação tapa-buracos. Disse ainda que, em junho, realizou a pintura de toda a Serra e recolocou as placas de sinalização que estavam faltando. A Secretaria de Infraestrutura destacou ainda que já iniciou a recuperação dos pontos críticos do trecho que contempla a Serra, realizando o prolongamento de bueiros e o levantamento da barreira para conter possíveis acidentes na curva do Km 16. Com relação à iluminação do trecho, o Estado afirma que está estudando uma alternativa viável, depois que a fiação de cobre foi roubada no ano passado e deixou a Serra sem luz, causando um prejuízo de R$ 1 milhão que havia sido investido no local.