A cidade de Itajaí conta desde o fim de maio com os serviços de um crematório, devidamente regulamentado pela Vigilância Sanitária do município. Mas a boa notícia para as famílias, que não precisam mais se deslocar para Balneário Camboriú em busca desse serviço, na verdade já existe há mais de três anos de forma ilegal.

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Conforme a Vigilância, o Crematório Athenas, no Bairro São Vicente, só conseguiu permissão para fazer cremações há alguns dias. Já o dono do estabelecimento contesta a irregularidade, e garante que sempre trabalhou com as autorizações necessárias.

O crematório fica na Rua Professora Erotides da Silva Fontes, e de acordo com o proprietário Carlos Eduardo Corrêa, realiza o processo funerário pelo menos desde 2010.

O local pertence ao programa Santa Catarina Assistência Familiar, que oferece planos de saúde e de assistência familiar que contemplam a técnica da cremação. Corrêa diz que a demanda ainda não é significativa, o que deve ocorrer dentro de cinco ou 10 anos, e afirma que o funcionamento nunca esteve irregular.

– Nós renovamos nossas licenças há uma semana, mas o crematório existe e funciona há mais de três anos. Apesar de eles (Vigilância) não se atentarem quanto à documentação, quem faz e do jeito que faz, a gente renovou a licença agora – ressalta.

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Autuação

Diretor da Vigilância Sanitária de Itajaí, Luiz Espinosa, explica que o crematório estava há meses em processo de regulamentação – quando foi feita a licença ambiental, verificação do nível de poluição da fumaça, liberação do Corpo de Bombeiros, e, enfim, concedido o alvará sanitário.

Segundo ele, as cremações só poderiam ocorrer após a entrega de toda a documentação, o que ocorreu na semana passada. A irregularidade só não se confirmaria se o crematório estivesse apenas recebendo os corpos e os encaminhando para cremação em outro lugar.

– Se eles já estavam cremando, não tínhamos conhecimento e não recebemos nenhuma denúncia – destaca.

Sobre a contestação da ilegalidade por parte do crematório, Espinosa é enfático.

– Se ele falou isso, vai ter que assumir conosco. Ele fez uma coisa irregular, porque não tinha licença pra isso, a não ser de semana passada pra cá – reafirma.

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A Vigilância Sanitária vai agora investigar se os procedimentos estavam mesmo sem feitos sem autorização. Neste caso, o crematório poderá ser autuado. A multa pode chegar a aproximadamente R$ 10 mil, dependendo da gravidade.

Vizinhos encaram crematório com naturalidade

As instalações do Crematório Athenas foram construídas dentro de uma funerária que foi inaugurada há 10 anos. Capelas velatórias também estão disponíveis no espaço. Uma grande chaminé no meio da construção chama a atenção.

Apenas uma parede separa os fornos da primeira casa vizinha. Uma adolescente de 16 anos vive na residência com a mãe. Como está habituada com a atividade exercida no local, não se importou com a instalação do crematório.

– Eu sei que limpo pozinho de morto, mas é tranquilo – diz a jovem que preferiu não se identificar.

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Dos sete moradores entrevistados pela reportagem, apenas um ainda não se acostumou com o crematório.

– Ainda tenho um pouco de medo – conta Willian Antônio Candido, 25 anos.

Porém, todos os moradores confirmaram já terem presenciado fumaça no local.

*Colaboraram Dagmara Spautz e Schirlei Alves