Os representantes máximos dos organismos credores da Grécia se reuniram nesta sexta-feira em Atenas com o ministro grego da Economia para negociar um terceiro plano de ajuda para o país, um dia depois de o Fundo Monetário Internacional ter condicionado sua participação.
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“As discussões se desenvolveram em um ambiente muito bom, houve pontos de convergência em alguns temas e menor concordância em outros”, disse Euclides Tsakalotos depois de reunir-se no centro de Atenas com Declan Costello, delegado da Comissão Europeia, Rasmus Rüffer, do Banco Central Europeu (BCE), Nicola Giammarioli, do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES) e Delia Velculescu, do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Trata-se da primeira reunião entre o ministro grego e os chefes do quarteto. Dias antes, as equipes técnicas dos credores já mantiveram reuniões preparatórias com as autoridades gregas.
O ministério da Economia afirmou na quarta-feira que as discussões se deram em um “clima muito bom”.
O governo redobrou os esforços nas últimas duas semanas para finalizar o acordo em meados de agosto e conseguir um novo empréstimo de mais de 82 bilhões de euros.
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Com pouca liquidez, a Grécia conta com esse plano para pagar suas dívidas, particularmente, os 3,2 bilhões de euros que devem ser entregues ao BCE até 20 de agosto.
O país sofre muitas restrições desde que foi decretado um controle de capitais. Nesta sexta-feira, o governo anunciou que a Bolsa de Atenas, fechada desde 26 de junho, voltará a abrir na segunda-feira.
Na quinta-feira, um funcionário do FMI confidenciou em Washington que a instituição não participaria no plano de ajuda à Grécia se Atenas não aceitasse um pacote de reformas completo e os europeus, um alívio da dívida grega.
“O FMI não participará até que ambas as condições sejam cumpridas”, ressaltou o funcionário na condição de anonimato.
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A Comissão Europeia disse que a condição é “totalmente compatível” com a agenda de Bruxelas. Para o ministério da Economia alemão, “não há nada de novo” nessa postura do FMI.
– Discórdia sobre a dívida –
A redução da dívida grega, equivalente a 170% do PIB do país, é o ponto de discórdia permanente entre os europeus e o FMI desde 2010, quando foi lançado o primeiro plano de resgate da UE e do FMI.
A Grécia recebeu, no total, dois empréstimos de 240 bilhões de euros entre 2010 e 2014.
No acordo de 13 de julho, os europeus exigiram, como condição a um novo empréstimo, a participação do FMI, que Atenas acusou de apresentar “comportamentos criminosos”.
O governo de esquerda do Syriza, no poder há seis meses, se viu praticamente obrigado a assinar o acordo e já adotou os dois primeiros pacotes de medidas de austeridade, ao preço de uma forte contestação no interior do partido.
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“Somos contra as medidas de austeridade, mas somos obrigados a aplicá-las”, reiterou Tsipras na sexta-feira no parlamento, onde defendeu seu ex-ministro da Economia Yanis Varoufakis, que se demitiu após o referendo de 5 de julho.
Tsipras defendeu a integridade de Varoufakis, acusado de idealizar um plano b para a saída da Grécia da zona do euro antes da sua demissão.
“Varoufakis pode ter cometido erros, podem acusá-lo por seu estilo (…), mas não podem acusá-lo de corrupto”, como certos ministros de governos gregos, anteriores declarou Tsipras.
Para acalmar os dissidentes dentro do Syriza, o primeiro-ministro grego, que também é dirigente de seu partido, propôs na quinta-feira que haja um congresso extraordinário em setembro para alinhar as posturas de seus integrantes em relação aos credores. A proposta foi votada pela maioria do Comitê Central após a reunião do órgão.
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* AFP