A falta de vaga em creches na região do Saco Grande, em Florianópolis, fez com que Júlia das Neves, 26 anos, largasse o emprego há três meses para ficar em casa cuidando do filho. Metade do salário que ganhava como auxiliar de cozinha ia para pagar uma babá e o restante para a alimentação da criança, de oito meses. Como não estava compensando, a família decidiu que ela ficaria em casa até conseguir matricular o pequeno numa unidade municipal.
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— A gente fica sem saber o que fazer, porque as creches estão sem vagas e tem uma em obras aqui na rua da minha que está parada. É revoltante — diz.
Já a auxiliar-administrativa Cristiane Rosa, 30, por não ter creche ou alguém da família para deixar o filho Gael, de um ano, paga R$ 350 por mês para uma senhora cuidar do pequeno. Ela e o marido, que é pedreiro, trabalham o dia inteiro.
— Desde os seis meses ele entrou para a fila de espera e até agora nada. É muito complicado porque é pesado pra família desembolsar esse valor para a babá.
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Ao todo, segundo dados da Secretaria de Educação da Capital, 75 crianças estão na fila de espera no bairro Saco Grande. Essa demanda poderia ser suprida se a creche Sol Nascente, na Rua Pedra de Listras, fosse inaugurada. O prédio, anexo à sede da Associação de Moradores, está com as obras paradas desde 2016.
Maria Fabiana de Liz, 38, fiscal da associação, conta que a obra de reforma e adequação começou em 2015, mas foi abandonada há dois anos.
— Ela está fechada e deteriorando. As portas não prestam mais, os fios estão caídos. Os moradores sempre nos cobram por sermos da associação. Queremos uma posição da prefeitura, até porque a creche mais próxima é a da Vila Cachoeira e mesmo assim não atende toda a comunidade porque não tem vaga.
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Nova licitação em andamento
Em março de 2015, a prefeitura de Florianópolis assinou o contrato com a empresa Avalius Engenharia e Avaliação Ltda. para as obras da creche Sol Nascente. A unidade fica num prédio onde funcionava a associação de moradores, que atualmente está anexa. A obra estava orçada em R$ 948 mil e tinha prazo de seis meses para ser concluída. No entanto, no ano seguinte, a empreiteira faliu e largou a obra com 69% concluída.
Luciano Formighieri, secretário-adjunto de Educação de Florianópolis, informa que a prefeitura fez outra licitação para terminar os trabalhos. Na época, era preciso de R$ 250 mil para recuperar o que tinha sido deteriorado pelo tempo e entregar a creche.
A licitação foi concluída no final do ano passado, porém, segundo Formighieri, quando a empresa assumiu os serviços um vendaval destruiu ainda mais o telhado e o dano foi maior do que era o valor da licitação. A prefeitura reincidiu o contrato com a empreiteira de forma amigável e fez um novo levantamento para a conclusão da obra. O valor da obra está orçado em R$ 342 mil. O processo está na comissão de licitação para a publicação do edital.
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— Esperamos que seja publicado o edital logo e a partir da publicação serão de 30 a 40 dias para ter a empresa vencedora. É uma obra rápida e eu acredito que é para a unidade funcionar ano que vem, até porque essa unidade vai ser gerida via Organização Social — informa o secretário.