Pais e educadores do Centro de Educação Infantil Marise Travasso de Araquari, no Norte de Santa Catarina, pedem a atenção do poder público por mais segurança contra furtos e atos de vandalismo. A creche, a maior do município com cerca de 250 crianças de 0 a 3 anos, se tornou alvo frequente de invasões no contraturno escolar, com registros de furtos de equipamentos, dinheiro e alimentos, além de promover baderna nas salas da instituição.
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De acordo com informações dos pais de alunos atendidos pela creche e confirmadas pela administração do local, os atos começaram em abril deste ano e se tornaram frequentes no endereço, localizado na rua Síria, no bairro Itinga. O último deles, registrado neste final de semana com o sumiço de duas galinhas e dois pintinhos utilizados em um projeto educacional.
Na primeira ocorrência houve prejuízo material para a escola. Os invasores levaram televisão, aparelho projetor, notebook, R$ 2,5 mil arrecadados em uma rifa de páscoa e 40 quilos de carne que seriam servidos para as crianças. A Prefeitura de Araquari tomou medidas como a colocação de grades nas janelas e alarme na secretaria, além de inserir o CEI nas rondas do vigia da escola anexa Francisco Jablonsky (também alvo de vandalismo conforme a direção da unidade), das 19 horas da noite às 7 horas da manhã.
Atos e cobrança por mais segurança continuam
As ações para coibir o vandalismo não foram suficientes. De acordo com a comunidade escolar, os vândalos continuam agindo nos finais de semana e no período de intervalo entre o fechamento da instituição e a chegada do vigilante. Eles pulam as grades e arrombam janelas. Em uma das ocasiões, os cobertores utilizados pelos alunos foram jogados no chão e alguns pertences pessoais, como escovas de dente e até presilhas de cabelo foram levados. Os autores do delito ainda urinaram e defecaram no chão.
Isso fez com que o sentimento dos pais ficasse abalado e foi o motivador de uma mobilização por mais segurança no prédio. Segundo Sandra Schmatz, mãe de Vinícius de um ano e um mês e atendido pelo maternal do CEI, os pais pedem por aumento no número de pontos de alarmes na escola, um muro no lugar das atuais telas metálicas ao redor da creche, além da possibilidade de instalação de câmeras.
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– Antes mexiam apenas em materiais, agora mexem também nos objetos pessoais das crianças e dos professores, além de levarem material utilizado para a aprendizagem das crianças. São mais de 200 famílias preocupadas e em busca de algo mais efetivo para combater essa situação e evitar que algo mais grave possa acontecer – defende Sandra.
Três dos quatro filhos de Milena e A. Rodrigues dos Santos e Clediomar Cherniacke são atendidos no berçário e no maternal da creche (Gustavo e os gêmeos Miguel e Gabriel). Segundo a família, as notícias frequentes de que furtos e vandalismos no local, mesmo que efetuadas no horário em que as crianças não estão na creche, é um alerta para mais apelo da comunidade em prol da segurança.
Isto porque recursos que poderiam ser investidos em melhorias para a instituição precisam ser aplicados na reposição de itens levados ou mesmo reparos devido a estragos na estrutura gerados durante os crimes. Outra preocupação é com a incerteza de novas ações.
– No país são cada vez mais frequentes ataques contra creches e escolas, as pessoas entram e fazem o que querem e não há segurança. E querendo ou não, nossos filhos ficam aqui enquanto estamos trabalhamos e a gente tem que saber que eles estão num colégio, seguros, e estão lá para aprender. E infelizmente não é o que a gente está tendo hoje em dia, porque não é a primeira vez que entram aqui. Então, assim como eles entram à noite uma hora pode acabar alguém entrando durante o dia e fazer alguma coisa – preocupa-se o pai.
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Prefeitura estuda melhorias na segurança
A gestão da escola aponta que tenta fazer o melhor trabalho pelo CEI e imediatamente toma as providências necessárias para informar a Secretaria de Educação sobre as invasões, também registra os boletins de ocorrência e busca a reposição de materiais. Segundo a administração escolar, a resposta é rápida, mas muitas vezes os responsáveis pelo vandalismo conseguem contornar as ações promovidas no ambiente.
De acordo com Clenilton Carlos Pereira, prefeito de Araquari, a prefeitura dá respostas a demanda comunitária e estuda maneiras de melhorar mais a segurança na creche. No entanto, reforça o sentimento de impotência e vulnerabilidade de pais e professores diante dos acontecimentos na escola.
– Esse espaço não é da prefeitura, é da comunidade e a gente cuida tão bem, aí vem esses meliantes e fazem o que fizeram. Dez vezes entraram aqui, defecaram, urinaram, quebraram, para sacanear. O time do Marise Travasso está triste por tudo o que aconteceu, porque essa invasão não é de prédio, é uma invasão de famílias e isso nos revolta – afirma.
– Fazemos o que está ao nosso alcance, mas é difícil de você trabalhar com a possibilidade de saber que do outro lado tem pessoas que invadem CEIs, escolas, postos de saúde, igrejas, seja o que for, porque isso são patrimônios da comunidade – completa.
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Ainda segundo o prefeito, a Prefeitura está estudando como tornar o espaço mais seguro e está com uma licitação em andamento para a construção de um muro no terreno. Outros projetos em estudo são a colocação de mais grades e câmeras de monitoramento.
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