Mãe, 18 anos, precisando trabalhar e com dificuldades em encontrar um lugar para deixar o filho que tem poucos meses de vida. Uma situação comum na maioria das cidades brasileiras. Só que Dona Marinês Malaquias já sentia isso na pele há 45 anos. Ela precisava trabalhar, mas só podia aceitar empregos em que o filho pudesse ficar junto. E, por isso, uma promessa: assim que tivesse condições, abriria uma creche para ajudar outras mães que estavam na mesma situação que a dela.
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O sonho se concretizou e nesta sexta-feira completa 20 anos. O Centro Educacional Divino Espírito Santo (Cedes), localizado na região do Costa Cavalcante, Bairro Cordeiros, atende 80 crianças de zero a quatro anos em período integral. Aquela mãe que fez a promessa hoje tem 63 anos, cinco filhos e muita história para contar.
– Eu sempre rezei muito. Foi bem aos 18, 19 anos que eu me converti à doutrina espírita, que me ajudou a superar todas as dificuldades. E então eu fiz um propósito com Deus, que assim que eu tivesse condições, eu abriria um espaço para cuidar de crianças que estavam na mesma condição do meu primeiro filho – lembra Dona Inês, como é conhecida.
Os trabalhos sociais começaram cedo. Ela ajudava a organizar eventos beneficentes, como distribuição de sopas em comunidades carentes e festas de Natal. Até que um dia ela resolveu levar adiante a ideia de se construir uma creche. Mesmo sem ter um terreno definido, ela e os amigos faziam eventos para arrecadar dinheiro.
– Fazíamos bingo, festas e até ajuntávamos latinha no estádio do Marcílio Dias. Todo dinheirinho que entrava eu já ia comprando os materiais de construção. Até que conseguimos o lugar para construir, por intermédio do João Macagnan e do Noemi Cruz. E estamos aqui até hoje – conta Dona Inês.
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A todo o momento, ela faz questão de agradecer às pessoas que a ajudaram e continuam ajudando. A Cedes é uma ONG e funciona graças a doações e uma verba mensal de R$ 20 mil repassados pela prefeitura que, mesmo assim, não cobre nem toda a folha de pagamento dos funcionários.
– Eu sou feliz todos os dias. Claro que fazer 20 anos é uma data especial e me sinto anestesiada com isso. Mas só o fato de ver todas essas crianças sorrindo, comendo e tendo um espaço como esse já me faz sentir muito bem – comenta.