Eles são pequenos em suas motocas e bicicletas, têm no máximo seis anos. Pensam que estão em mais uma tarde ensolarada de brincadeiras em um lugar com muitas placas coloridas e demarcações no chão. A cada volta em frente à creche uma lição para a vida: compreender e respeitar as regras de trânsito. Nem sempre foi assim, mas há 15 dias os momentos de diversão na Unidade de Educação Infantil Augusto Moser se transformaram. Foram aliados ao conhecimento sobre sinalização, faixas de pedestres e semáforos.
Continua depois da publicidade
A creche fica em Indaial, um dos três municípios com mais mortes na BR-470 no trecho que corta o Vale do Itajaí. Divide o posto com Blumenau e Pouso Redondo. Em cada cidade, 10 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito na rodovia federal. No último sábado, mais duas vítimas fatais. Entre eles, o jovem indaialense Eduardo André Moser,
23 anos. A colisão frontal que tirou a vida do rapaz e também de Leticia Gabrieli Uber, 18 anos, aconteceu justamente no bairro em que fica a unidade, no Rio Morto, que está a menos de um quilômetro da BR-470.
Para evitar que histórias como a de Eduardo e Leticia se repitam, surgiu o projeto “Educa para a vida, ensina para o futuro”. A iniciativa começou há três anos e a pista educativa veio depois de duas participações da unidade no movimento Maio Amarelo. Chamada de “Transformers”, a ideia é formar as quase 200 crianças da creche em cidadãos conscientes. Para isso, as professoras são as instrutoras. Quando um quer cruzar a calçada a pé, quem está na motoca precisa parar. Os pais tiveram papel ativo no processo e ajudaram no mutirão feito para deixar tudo pronto. A ideia é que não pare por aí, conta a coordenadora Eliani Schmitz Tomio.
A mãe da pequena Laura, de apenas dois anos, é uma das entusiastas da iniciativa. Claudia Regina Masson afirma que o projeto tem um incrível potencial de transformação dos pequenos. O policial rodoviário federal Rafael Melati corrobora. Na visão dele, é uma ação simples e que não demanda muitos investimentos. Ele conta que em outros estados do Brasil, onde o trabalho de educação para o trânsito é mais avançado, os resultados são extremamente positivos em longo prazo.
Continua depois da publicidade
– A brincadeira sempre pode ser educativa. Aqui, eles têm percepção de organização, dever e segurança no trânsito – afirma o agente.
O trabalho na creche será complementado com palestras do Departamento Municipal de Trânsito e Transporte. O setor, inclusive, espera propagar a iniciativa da unidade para outros centros de ensino. Enquanto não é possível, atuam em outras frentes. Uma delas deve ter início na próxima semana, quando cerca de 450 alunos dos 2o e 3o anos das escolas Maria da Graça dos Santos Salai e Tancredo de Almeida Neves vão passar por formação.
Alerta também serve aos familiares
Assim que estiverem devidamente preparados, vão ganhar um certificado e até um bloco de multas. É lúdico. Se ver alguém da família usando o celular ao volante, pode advertir. Parece mais uma brincadeira, mas tudo tem o objetivo de desenvolver senso de responsabilidade com a vida deles e dos outros.
O educador de trânsito, William Gonzaga Dias, responsável pelo projeto, conta que é um mecanismo para combater um perigo muito presente no cotidiano das crianças: pais que levam os filhos à creche sem cadeira ou soltos no banco da frente do automóvel.
Continua depois da publicidade