A abertura de uma cratera na BR-470 em Indaial, no Vale do Itajaí, na madrugada desta quarta-feira (18) retomou o apelo por investimentos nas rodovias de Santa Catarina. O episódio foi classificado como uma “tragédia anunciada” pela Fetrancesc, entidade que representa 20 mil transportadoras no Estado.

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“É conveniente recordar-se de que em dezembro de 2022 tivemos o mesmo transtorno, no qual as principais rotas de escoamento do TRC/SC [transporte rodoviário de cargas] foram completas ou parcialmente interditadas por conta das chuvas que causaram os deslizamentos de terra e as inundações. Trata-se de uma tragédia anunciada que reforça a necessidade de maiores investimentos em manutenção e mais corredores para escoamento da produção catarinense”, escreveu a Fetrancesc em manifesto.

A Fiesc, por sua vez, que representa as indústrias do Estado e monitora os principais corredores logísticos catarinenses, caso da BR-470, que se conecta aos portos de Itajaí e Navegantes, os maiores de Santa Catarina, ponderou que é preciso levar em conta o evento climático que acomete a região onde apareceu a cratera. Ainda assim, a entidade fez coro ao pedido por ampliação dos investimentos nas estradas.

— Nossa bandeira principal é garantir recursos para a conservação, restauração e manutenção tanto das nossas rodovias federais quanto das estaduais estimados em R$ 400 milhões e R$ 209 milhões ao ano, respectivamente — diz Egidio Martorano, gerente para assuntos de transporte e logística da Fiesc.

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Também em conversa com o Diário Catarinense, o presidente da Fecam, entidade que reúne 44 mil transportadores autônomos, Francisco Biazotto, não quis fazer consideração sobre a cratera em Indaial, mas afirmou que a manutenção das estradas no Estado tem sido um “desastre”.

A cratera foi aberta no Km 75,6 da BR-470, após a ruptura de um bueiro em meio às fortes chuvas que atingem a região. O tráfego está totalmente interrompido e não tem previsão de ser retomado, até que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) encerre as obras de recuperação.

“As equipes do DNIT já estão no local e trabalham para recuperar a trafegabilidade da rodovia o mais rápido possível”, divulgou, em nota, o órgão ligado ao governo federal. Enquanto isso, motoristas de cargas que vão e voltam pelo trecho fazem um desvio pelas rodovias SC-110 e SC-477, com longas filas.

Veja vídeo de filas quilométricas em desvio da BR-470

No período de dezembro mencionado pela Fetrancesc, Santa Catarina chegou a ter, ao mesmo tempo, bloqueios de rodovias na BR-280 em Corupá, na BR-282 em Santo Amaro da Imperatriz e Rancho Queimado, na SC-477 em Doutor Pedrinho, e em dois pontos da BR-101 — no Morro dos Cavalos, em Palhoça, e no Morro do Boi, em Balneário Camboriú. Todas as interdições também vieram após fortes chuvas, com alagamentos e deslizamentos.

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Antes ainda do bueiro se romper na BR-470, a pista em Indaial já tinha trânsito tumultuado por conta da lenta obra de duplicação que é executada a dois quilômetros dali. Uma reportagem especial do Diário Catarinense que rodou 2.339 quilômetros das principais rodovias no Estado passou pelo local em dezembro do ano passado e considerou o trecho um dos cinco piores em Santa Catarina.

Saiba quais são os cinco piores trechos de rodovias em SC

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