Depois de quase seis meses de trabalho, a CPI das Bolsas, na Câmara de Vereadores de Criciúma, no Sul do Estado, sugeriu o indiciamento do ex-professor da Unesc e ex-secretário do Sistema Econômico de Criciúma, Miguel Mastella, e do ex-Pró-Reitor de Administração e Finanças da Unesc, Dourival Giassi.

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A comissão investigou supostos desvios de recursos públicos, ocorridos no repasse das bolsas de estudos mantidas pelo município em convênio com a Unesc. Segundo o relatório, de mais de mil páginas, os documentos analisados e os depoimentos coletados reúnem indícios de irregularidades no repasse do convênio entre a prefeitura e a Unesc.

O relatório final será enviado ao Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MP-SC). Os integrantes da CPI esperam, entre outras ações, que o MP-SC pesquise as movimentações bancárias das esposas de Mastella e Giassi e aprofundem a investigação dos repasses supostamente indevidos, que alcançariam a marca de R$ 692,5 mil.

Além disso, o relatório também será encaminhado à Unesc, ao prefeito de Criciúma, Márcio Búrigo (PP), que deve tomar providências junto à Procuradoria Geral do município, e ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

O relatório da CPI foi aprovado na quarta-feira pela comissão e, na segunda-feira, será lido em plenário na Câmara. ?

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O ex-secretário Miguel Mastella declarou que prefere se manifestar apenas quando houver a conclusão final do caso. A reportagem tentou falar com Dourival Giassi por telefone, mas ninguém atendeu às ligações.

Confira a entrevista com a presidente da CPI, vereadora Camila Nascimento (PSD):

DC – Como foi conduzir a investigação?

Camila Nascimento – Quando a CPI foi instaurada, com quatro vereadores da base do Governo, nós fomos chamados de chapa branca. Todo mundo acreditou que daria em pizza, como todas as outras, que não haveria investigação. Mas nós tínhamos o inquérito administrativo feito pela Unesc e uma sindicância interna feita pela Prefeitura. Chamamos todas as pessoas que estavam citadas nesses documentos. Essas pessoas chamavam outras pessoas, todos os citados foram chamados. A partir daí começamos a decifrar onde foi parar esse valor de R$ 700 mil. Pedimos exame grafotécnico, levantamento de bens. Não se tentou blindar, nem proteger ninguém. Eu sou vereadora de primeiro mandato, fiquei um pouco insegura no começo, mas acredito que deu tudo certo.

DC – Já se comenta que essa CPI pode ser considerada um exemplo.

Camila Nascimento – É, pode mesmo. A gente conseguiu chegar a um resultado, com provas cabais. Claro que a CPI só indica os envolvidos, mas as nossas sessões eram abertas à imprensa. A gente teve 17 reuniões e todas foram abertas, todo mundo acompanhava nosso trabalho. Ficou bem transparente o desenvolvimento da nossa CPI, ninguém protegia ninguém.

DC – O que vocês esperam que seja feito agora com essa investigação?

Camila Nascimento – A gente sabe, que é fato, é que estejam mais pessoas envolvidas. Esse trâmite, esse desvio, não é fácil de se montar entre duas pessoas. Só que a gente não tinha uma prova que se pudesse levantar. A gente até poderia, mas ia extrapolar o tempo de investigação. Então pedimos encaminhamento pra que se levasse à Prefeitura, à Universidade, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, afinal, R$ 700 mil saíram da Prefeitura. A gente espera que esses suspeitos sejam punidos e apontem as outras pessoas envolvidas.

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