O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, classificou, nesta segunda-feira, como infundada a hipótese de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva exerceu tráfico de influência para liberação de empréstimos por parte do banco de fomento. Segundo ele, é “absolutamente impossível qualquer tipo de ingerência” nos processos decisórios da instituição.

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– A hipótese é infundada, dados os processos impessoais, técnicos, de avaliação, de decisão colegiada em todas as instâncias e, além do mais, da avaliação de riscos e das garantias em todo e qualquer empréstimo do BNDES, e isso inclui operação de exportações – afirmou em entrevista à imprensa após a cerimônia de abertura da 2ª Feira Internacional do Plástico (Feiplastic), na capital paulista.

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Conforme revelou a revista Época na edição desta semana, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar se Lula praticou tráfico de influência em operações do BNDES. Coutinho avaliou que a matéria carece de fundamento e disse que “encaramos com tranquilidade, porque não há qualquer tipo de ingerência (nas operações do banco), de quem quer que seja”.

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O presidente do BNDES ressaltou que está em tratativa com a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para revisar as condições pelas quais o banco de fomento pode liberar informações relacionadas a comércio exterior.

– Queremos adotar práticas mais avançadas de transparência – afirmou, ponderando que outras agências internacionais não detalham essas operações, porque muitas vezes envolvem segredos comerciais.

Ele ressaltou que a instituição considerada mais transparente é o US Exim (Banco de Exportações e Importações dos Estados Unidos), que “tem práticas muito parecidas com a que nós já temos”.

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– Vamos aprofundar, porque queremos tornar mais transparente – disse, lembrando que o banco também analisa uma revisão da classificação específica das operações com Angola e Cuba.

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Questionado se o banco teme a instalação de uma CPI na Câmara, Coutinho disse que não iria comentar algo que ainda estava no mundo das hipóteses. O movimento pela instalação do colegiado ganhou força nesta semana, após a divulgação da investigação do MPF. A oposição espera contar com apoio do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para emplacar a criação da CPI.

Crise

Coutinho evitou comentar sobre como a instituição pretende equacionar a captação de recursos em 2015 diante do ajuste fiscal na economia brasileira, mas disse crer que o banco de fomento conseguirá “atravessar bem o ano”.

– Houve uma desaceleração de consultas, então, creio que conseguiremos atravessar bem o ano de 2015, atendendo às nossas necessidades – afirmou.

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Ele destacou que o banco não exercerá “pressão sobre a dívida pública”.

– Isso já é uma premissa – disse.

Questionado sobre possível captação de R$ 15 bilhões este ano no mercado interno e externo, como revelou o Broadcast na semana passada, Coutinho não confirmou a operação.

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– É um pouco prematuro. Temos de esperar acalmar o mercado – declarou, explicando que a estratégia de captação do BNDES depende das circunstâncias do mercado.

– Nossa estratégica de captação depende de circunstância de mercado. Sempre fizemos captação no melhor momento, quando liquidez e o custo estão mais favoráveis – afirmou.

O executivo informou ainda que a retirada da ressalva pela KPMG relacionada às perdas do banco acarretadas pela desvalorização da Petrobras depende ainda da divulgação do plano de negócios da estatal.

– Era uma ressalva transitória. Depende do balanço e do plano de negócios. Uma condição, portanto, ainda não foi atendida – explicou.

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Coutinho também comentou que o banco pode abrir informações sobre empréstimos para empresas brasileiras que atuam em Angola e Cuba.

– Estamos em processo, com autorização do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, de revisita da classificação específica das operações com Angola e Cuba.

*Agência Brasil e Estadão Conteúdo