O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira, que o ex-presidente Lula jamais interferiu no banco a respeito de qualquer projeto específico. Em depoimento à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, ele disse que o ex-presidente da República não teve ou tem qualquer influência nas decisões do banco.

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Os parlamentares levantaram coincidências entre os países que receberam financiamentos do BNDES e aqueles que são alvo das ações do Instituto Lula na América Latina e na África.

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– A política de exportação é uma política de busca de mercado pelas empresas brasileiras. O BNDES não participa de tratativas no exterior para obtenção de contratos, que são firmados pelas empresas privadas – afirmou.

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– Nunca houve interferência do presidente Lula nesses processos junto ao BNDES. Questões relativas às atividades do ex-presidente devem ser esclarecidas pelo Instituto lula, não posso responder pela instituição – completou.

Coutinho também foi confrontado pelos parlamentares sobre uma suposta conversa com o dono da UTC, Ricardo Pessoa, no qual o presidente do BNDES teria dito para o empreiteiro conversar com o tesoureiro do PT sobre doações eleitorais para o partido.

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– Não tratei de doações eleitorais com Ricardo Pessoa. No encontro que tivemos, no qual também estavam outras pessoas, tratamos apenas sobre projeto do aeroporto de Viracopos (SP) – respondeu. Pessoa firmou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato.

O presidente da instituição também disse que não conhece Fábio Luiz Lula da Silva, o “Lulinha”, em resposta à questão do deputado Caio Narcio (PSDB-MG), sobre se manteria relações com o filho do ex-presidente Lula. O presidente do BNDES negou também ter relações com o ex-ministro José Dirceu.

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Diante das negativas, o deputado mineiro perguntou se Coutinho abriria mão do seu sigilo telefônico.

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– Ceder o sigilo telefônico à CPI não é decisão minha, mas uma prerrogativa da comissão – limitou-se a responder.

Coutinho também afirmou não haver ingerência de Dirceu em nenhum dos projetos tratados pelo BNDES. Condenado no caso do mensalão, Dirceu foi preso novamente no âmbito da Operação Lava-Jato.

– Mas não sei se Zé Dirceu participou de algum processo quando era ministro da Casa Civil, já que o ministério tem assento nos conselhos do banco – ponderou.

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Grupo X

Questionado pelos parlamentares sobre os financiamentos dados às empresas do Grupo X, do empresário Eike Batista, Coutinho respondeu que o BNDES não teve prejuízos nas operações.

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– A OGX, que foi à falência, não tinha crédito com o banco. O BNDES emprestou para projetos de portos, minas, térmicas e infraestrutura para outras empresas do grupo. Foram créditos garantidos por fianças e que foram devidamente renegociados à medida que outros investidores adquiriram as empresas do grupo – disse.

Sobre o financiamento dado à Refinaria de Abreu e Lima em 2009, estimado em R$ 10 bilhões, Coutinho respondeu que, na época, se tratava de uma “situação especial”, já que o sistema internacional de crédito teria entrado “em colapso” naquele momento.

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– Na época, a refinaria tinha um determinado perfil de óleo leve e pesado, que depois foi modificado. O banco monitorou e acompanhou o projeto, inclusive atendendo recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU). Finalizado esse crédito, não houve novos aportes – completou.

Ainda respondendo aos deputados na CPI, o presidente o BNDES disse que não há empréstimos a “fundo perdido” para Cuba.

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– Financiamos os serviços de engenharia para a construção do Porto de Mariel, que terá ainda mais importância econômica após a retomada das relações do País com os Estados Unidos – argumentou.

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Luciano Coutinho disse ainda que o perdão dado pelo Brasil a dívidas de países africanos não afetou operações de crédito realizadas pelo banco de fomento a projetos no continente e afirmou que “todas as operações com a África estão adimplentes”.

*Estadão Conteúdo